Brasil vai defender software livre em cúpula da ONU sobre informação

O Brasil e os países ricos vão entrar em rota de colisão a partir de amanhã (17) nos debates sobre o futuro da tecnologia no mundo. A ONU abre as negociações preparatórias para a Cúpula Mundial da Tecnologia da Informação, que ocorre na Tunísia em novembro. Mas o governo promete apresentar um pacote de propostas para garantir a expansão do software livre no mundo.

Um dos principais temas da Cúpula será como reduzir as diferenças tecnológicas entre países pobres e ricos. A criação de um fundo internacional está sendo estudado e teria recursos dos países desenvolvidos. O mecanismo teria a função de financiar o desenvolvimento de projetos para levar tecnologias como internet às regiões mais remotas. Mas para o Brasil, o dinheiro do fundo deve ser usado para comprar programas mais baratos, ou seja, o software livre.

Os países ricos admitem que um fundo deve ser implementado, mas que a tecnologia das multinacionais seja a escolhida para superar as divisões no mundo. Para o governo brasileiro, não apenas essa tecnologia é mais cara, como também os países beneficiados teriam de pagar royalties.

Tática

A idéia do Brasil é a de seguir a mesma tática usada no debate sobre a utilização de remédios genéricos no combate à aids. Quando o Fundo Global foi criado, há três anos, para arrecadar recursos destinados à luta contra a doença, o Brasil insistiu que o dinheiro fosse usado para comprar remédios com patentes e os produzidos por fabricantes de genéricos. Na avaliação do País, isso permitiria comprar mais medicamentos, pois os genéricos têm preços menores.

No caso da tecnologia da informação, os países ricos já indicaram que vão resistir à idéia brasileira, pelo menos por enquanto. Diplomatas dos países desenvolvidos acreditam ser demais criar um fundo com o dinheiro dos países ricos, mas usá-lo para comprar produtos que não necessariamente são produzidos por suas empresas.

O governo brasileiro está consciente de que não vai agradar aos países ricos com sua proposta. Por isso, tentará amenizar as divergência deixando claro que não pretende se candidatar a usar o fundo que será criado pela ONU.

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