Brasília – A reunião do G 8, grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e o Canadá), mais a Rússia, será um espaço para o governo brasileiro apresentar o biodiesel e o etanol como formas de reduzir o aquecimento global. A reunião do G 8 ocorrerá em junho na Alemanha.
"Eu, agora, vou para o G 8 e a discussão lá é sobre aquecimento global. Então vamos desaquecer o planeta utilizando mais álcool e mais biodiesel. Vamos desaquecer o planeta plantando mais girassol, plantando mais mamona, plantando coisas que possam significar o seqüestro de carbono porque até agora o dinheiro que prometeram para os países pobres não deram", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (15) em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto.
A principal colaboração brasileira com o processo de aquecimento global vem do desmatamento, um dos maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa. No casos de muitos países desenvolvidos, o maior problema é a queima dos chamados combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás natural. O biodiesel e o etanol são considerados matrizes enérgeticas não poluentes.
"Não queremos que as pessoas deixem de utilizar o petróleo. O que queremos dizer é o seguinte: queremos despoluir o planeta? Querem diminuir o aquecimento do planeta? Querem melhorar a qualidade do ar? Usem combustível renovável e o Brasil quer ser parceiro de vocês", disse o presidente, que se intitulou "garoto propaganda" dessas fontes de energia.
"Eu vou ao G8 agora e, quando eles abrirem a boca para discutir a questão do aquecimento global, eu vou estar lá com meu pacotinho de biodiesel e de álcool para dizer: estão aqui, vocês querem diminuir? Estão aqui o pinhão manso, a mamona, a soja, o caroço de algodão, o caroço de dendê. Não vai faltar motivação para eles adotarem uma outra política energética no mundo", completou Lula.
Perguntado sobre as ações que o governo está adotando para evitar a exploração de mão-de-obra escrava no plantio de cana-de-açúcar para produção de etanol, o presidente disse que esse é um "segundo passo" a ser dado. O primeiro, segundo Lula, foi a consolidação no mundo, "pelo menos conceitualmente", do álcool como matriz energética de qualidade "excepcional".
"É preciso que a gente dê o segundo passo para discutir a humanização do setor de cana nesse páis, estabelecer uma discussão com os empresários e com os trabalhadores para humanizar, para criar melhores condições de trabalho para que as pessoas possam ser profissionais e cidadãos na sua plenitude", destacou.
O presidente não descartou a possibilidade de enviar um projeto de lei ao Congresso para coibir a utilização de mão-de-obra escrava nas lavouras. "Se for necessário fazer uma lei, nós mesmos proporemos a lei, o movimento sindical propõe, ou a bancada de sustentação propõe. Mas o que vou dizer é isto: vamos abrir uma nova etapa de discussão para humanizar o mundo do trabalho no setor do álcool e do açúcar no Brasil", concluiu.