O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ywao Miyamoto, disse hoje que haverá 5 milhões de sacas de sementes transgênicas de soja disponíveis para o plantio da safra 2005/06 no País. As cultivares estão sendo multiplicadas em cerca de 250 mil hectares e o volume será suficiente para semear quase 30% da área destinada à soja, calculou Miyamoto, que participa hoje, em Porto Alegre (RS), do seminário "Desenvolvimento Sustentável: tudo começa na semente". O evento já foi realizado em São Paulo, Curitiba e Brasília, no ano passado, e irá para Cuiabá, Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro depois da capital gaúcha.
A multiplicação de sementes foi autorizada na Medida Provisória 223, que regulamentou o plantio de soja transgênica na safra 2004/05, embora sua comercialização ainda esteja proibida. Miyamoto criticou a prática habitual dos agricultores de reservar grão s para o próprio plantio na safra seguinte. "Ele está guardando semente que nasce, mas não garante que não tem doenças", avaliou. Por causa da prática, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais propagou doenças, na avaliação do dirigente. Ele defendeu o pagamento de royalties pelo uso da semente, que serve de estímulo à pesquisa e à melhoria das variedades. O desenvolvimento tecnológico tem garantido melhores rendimentos, disse Miyamoto, citando que a produtividade de soja estava em 1.200 quilos por hecta re há cinco anos e subiu para 3.000 Kg/ha.
A venda de sementes de soja está estacionada, conforme o dirigente, por causa do avanço das variedades transgênicas sem origem declarada. Uma variedade nova fica no mercado de três a quatro anos e depois precisa ser substituída para manter seu padrão, explicou Miyamoto. "No sul, tem gente plantando variedades de museu", afirmou. O mercado brasileiro de sementes é dominado pela soja, que representa 60% das vendas, seguida pelo milho (15%), trigo (13%), arroz (8%) e algodão (1%).
Miyamoto afirmou que o pagamento royalties pelo uso da tecnologia de soja transgênica, por parte dos produtores de sementes, será definido depois que a Monsanto acertar o valor a ser cobrado na venda do grão com a Confederação da Agricultura e Pecuária d o Brasil (CNA) e Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). O dirigente da Abrasem descreveu que o royalty pela semente básica de soja transgênica terá um valor proporcional ao da saca comercial de soja. A Monsanto pretendia fixá-lo em R$ 1, 00 por quilo de semente básica, quando havia previsão de cobrar R$ 1,20 na venda da soja, mas a Abrasem considerou o valor elevado. Miyamoto lembrou que o valor de R$ 1 20 foi indicado quando a saca de soja estava cotada em quase R$ 50,00.
