O governo brasileiro está promovendo um acordo entre as empresas que deflagraram um duelo entre o Brasil e a Argentina na Organização Mundial do Comércio (OMC), no âmbito do comércio bilateral de resina para a fabricação de garrafas PET e embalagens de plástico. O objetivo é retirar o processo da OMC.
"O que estamos promovendo é um acordo entre as empresas. Esse acordo nós perseguimos durante todo o ano passado", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, durante a Cúpula do Mercosul.
De acordo com ele, há um clima positivo para que haja um desfecho favorável a ambos os lados, depois de algumas tentativas mal sucedidas. "Acho que seria a melhor solução o entendimento privado para retirar o pedido de antidumping", acrescentou o ministro
Para o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, esse tipo de disputa "é uma coisa totalmente corriqueira", que não abala as relações entre o Brasil e a Argentina.
O caso foi parar na OMC depois que o governo argentino, a pedido da argentina Voridian, subsidiária da americana Eastman, questionou na organização uma sobretaxa estabelecida na importação de sua resina para o Brasil. Isso aconteceu depois que a filial brasileira da companhia italiana M&G entrou com um pedido de antidumping junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Um integrante da diplomacia brasileira, que pediu para não ser identificado, também acredita que a melhor solução seria uma negociação entre as empresas. De acordo com essa pessoa, "é remota" a possibilidade de o caso não ter um final pacífico, já que ele demoraria pelo menos dois anos para ser resolvido na OMC. "Como são apenas duas empresas, o acordo fica mais fácil", diz. No final de janeiro, acrescenta, deverá haver uma nova rodada de consultas e negociações.
"Dizer que isso é um problema na relação entre os dois países (Brasil e Argentina), não vou dizer que é uma bobagem, mas é um exagero", considerou o ministro Amorim, durante entrevista coletiva à imprensa no encerramento da Cúpula do Mercosul, esta tarde, no hotel Copacabana Palace, zona sul do Rio.
No ano passado, o Ministério do Desenvolvimento constatou a prática de dumping ao verificar que o preço da resina na Argentina era de US$ 1.287 por tonelada. Já o valor de exportação era praticamente a metade, ou quase US$ 650.