Brasil tem posição cômoda para negociar gás, diz Aneel

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, disse esta tarde que a situação do Brasil "é muito cômoda" no processo de negociação com a Bolívia sobre a questão do gás natural. "Nossa situação é muito cômoda porque, em um eventual caso extremo de a Bolívia fechar a torneira do gás, nós sobreviveríamos, mas a Bolívia certamente precisaria vender seu gás para o Brasil.

Kelman explicou que, do ponto de vista da geração de energia elétrica, por exemplo, o Brasil atualmente não sofreria com uma eventual suspensão do fornecimento do gás boliviano, uma vez que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão cheios, e o abastecimento de energia no País não está dependendo das usinas termelétricas movidas a gás.

No cenário extremo de o Brasil não mais receber gás da Bolívia, o importante seria garantir, segundo o diretor da Aneel, que não haverá restrições no abastecimento de gás em 2008 no caso de estarem mais baixos os reservatórios das hidrelétricas. Mas, lembrou Kelman, a Petrobras já anunciou que, em 2008, poderá colocar à disposição do País uma produção adicional de 24,2 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Além disso, a estatal já levantou a possibilidade de importar de outros países gás natural em estado líquido (o chamado GNL), que chegaria ao Brasil em navios.

"Se esse suprimento de gás em 2008 for perfeitamente confiável, e é importante que seja totalmente confiável, aí estaremos em um céu de brigadeiro, porque não teríamos nenhuma preocupação, agora, com a redução do nível dos reservatórios (das hidrelétricas)", disse Kelman. Ele completou o raciocínio afirmando que, nesse caso, a partir de 2008, o nível dos reservatórios seria recomposto, graças à geração de energia nas termelétricas.

Kelman afirmou que pelo menos as usinas termelétricas, que só despacham energia para o sistema elétrico brasileiro em algumas épocas do ano, poderiam ser abastecidas com o GNL. "Poderíamos cogitar comprar o GNL de modo flexível: só comprar o gás para as termelétricas quando fosse necessário", explicou.

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