O ritmo de crescimento das matrículas no ensino superior privado foi quase três vezes maior do que nas instituições públicas em 2001, revela censo divulgado hoje pelo Ministério da Educação (MEC). Ao todo, o País superou 3 milhões de alunos na graduação. Mais de 2 milhões estudam em faculdades particulares, enquanto a maioria dos universitários brasileiros (57%) freqüenta cursos noturnos.
?A expansão é mais rápida na área privada, mas o setor público não está parado como esteve na década de 80?, disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ao apresentar o Censo do Ensino Superior 2001. Em relação às universidades federais, cujo número de alunos cresceu 4,2% no ano passado, a taxa de expansão das instituições privadas, de 15,7%, foi quase quatro vezes maior.
Desde 1998, o ritmo de crescimento das universidades pagas está na casa dos dois dígitos, tendo atingido o ápice em 2000, quando chegou a 17,5%. Nesse mesmo ano, também houve o maior aumento do total de alunos nas instituições públicas: 6 6%.No ano passado, essa taxa foi de 5,9%. Em relação a 2000, a velocidade de expansão de matrículas nas universidades federais caiu pela metade: de 9,1% para 4,2%.
Paulo Renato comemorou a ampliação de 12,5% das matrículas no ensino superior, taxa ligeiramente inferior à de 2000 (13,7%), mas a segunda maior durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. ?Temos um maior número de jovens chegando às portas do ensino superior e numa idade menor, portanto com condições de continuar os estudos?, disse.
De 1995, quando o ministro assumiu o cargo, até o ano passado, o número de estudantes na graduação quase dobrou, saltando de 1,7 milhão para 3 milhões. Naquele ano, o setor privado atendia 60% dos estudantes. De acordo com o censo divulgado hoje, em 2001 subiu para 69%. ?O sistema é maior e melhor?, disse Paulo Renato.
O crescimento do ensino superior no Brasil dá margem a críticas quanto à qualidade dos profissionais formados. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem sido uma das entidades mais combativas contra o que classifica de ?fábricas de diplomas?, dado o baixo nível de conhecimento de boa parte dos bacharéis. Paulo Renato argumenta que, de modo geral, as faculdades novas obtêm melhores resultados nas avaliações. Além disso, cresceu a proporção de mestres e doutores lecionando.
Nos últimos anos, o MEC instituiu um sistema de avaliação do ensino superior, cujo teste mais conhecido é o Exame Nacional de Cursos, o Provão. Nenhuma faculdade reprovada por falta de qualidade, no entanto, deixou de funcionar. No ano passado, 12 cursos de Letras e Matemática ficaram sob risco de fechamento, mas, segundo o ministro, foram favorecidos por liminares obtidas na Justiça e continuam abertos.