O Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) concluiu nesta semana o que considera o primeiro levantamento estatístico de museus brasileiros. Foram mapeadas 2.106 instituições museológicas, das quais 756 já integram o Cadastro Nacional de Museus (CNM). Só a Região Sudeste tem 784 museus, dos quais 44% estão no Estado de São Paulo.
O levantamento estatístico é um dos mecanismos considerados fundamentais para a formação do CNM, uma instituição criada para sistematizar e tornar públicas as informações sobre os museus brasileiros. O diretor do Departamento de Museus do Iphan, José do Nascimento Junior, ressaltou ontem que o levantamento mostra a "diversidade museológica brasileira" e ilustra o quanto se faz importante uma rede de museus que "represente e integre museus de todos os estados, regiões, estilos e tipologias".
Apenas 15% dos municípios brasileiros têm museus. "Temos que ampliar esse número, desconcentrar das capitais e interiorizar, pois os museus são instrumentos importantes para o projeto de memória do País e na estratégia de construção de um projeto de nação", disse Nascimento.
Em agosto, no 2º Fórum Nacional de Museus, em Ouro Preto (MG), mais de mil representantes de museus de todo o País divulgaram um documento no qual fixam metas de política cultural para o setor. A Carta de Ouro Preto pede a continuidade de ações que reconheçam os museus como instituições decisivas "na inclusão social, na criação artística e científica, na preservação do patrimônio, na formação da identidade e na promoção do direito à cultura".
Embora reconhecendo avanços na gestão de Gilberto Gil à frente do Ministério da Cultura, os profissionais pedem que não haja recuo, com o próximo presidente eleito, em medidas como o aumento dos investimentos de instituições como Caixa Econômica Federal, Petrobrás e BNDES; nos programas de capacitação de museólogos, que qualificaram mais de 10 mil profissionais nos últimos anos; e que se prossiga a modernização no Iphan (concurso público preencheu 222 vagas recentemente, 37 delas destinadas a museus federais), entre outras reivindicações.
O mapeamento do Departamento de Museus do Iphan incluiu 18 unidades federativas no período de maio a setembro deste ano, e revelou que, dos 2.106 museus, 2.045 estão abertos à visitação; 20, em processo de criação; e 41, fechados. Os estados com o menor número de instituições museológicas estão concentrados na Região Norte. Tocantins, Roraima e Amapá só têm dois museus cada nas capitais.
Dos museus do Sudeste, Minas concentra 33,6% do total; Rio, 16 7%; e Espírito Santo, 4,7%. Na Região Centro-Oeste do País, foram registrados 126 museus; na Nordeste, 428; na Norte, 67. No Sul, existem 701 unidades, das quais 50,2% estão no Rio Grande do Sul.
