Brasil tem 13,8 milhões de trabalhadores na informalidade, revela IBGE

Existem 13,8 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade. Eles são
quase 25% do total da população ocupada no país e a maioria (60%) está na faixa
dos 18 aos 39 anos de idade. Levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, apesar de não
terem salário fixo ou carteira assinada, 84% dos camelôs, taxistas, catadores de
lixo, motoristas de vans e kombis e donos de pequenos negócios querem continuar
na informalidade.

A pesquisa, realizada em 2003, mostra que os homens
passaram a trabalhar por conta própria para fugir do desemprego, enquanto as
mulheres entraram para a informalidade para complementar renda.

O
comércio, os serviços de reparação e a construção civil são os preferidos dos
informais. Mas são os camelôs que aparecem disputando espaços nas calçadas e
vendendo todo o tipo de produto, inclusive alimentos, como é o caso de Alexander
Jesus da Silva, de 26 anos. Eletricista desempregado e com o ensino médio
concluído, ele resolveu armar uma mesinha de bar em uma calçada em Bangu, na
zona oeste da cidade, e vender salada de fruta com sorvete. Segundo o jovem, o
lucro chega a R$ 1.500,00 por mês, o suficiente para sustentar a mulher e duas
filhas.

"Depois que fui demitido ficou muito difícil arrumar emprego com
carteira assinada, mas como precisava trabalhar, minha mulher começou a fazer
salada de fruta para eu vender na calçada. Aí passamos a colocar o sorvete e
agora muita gente experimenta e acaba virando freguês", revelou
Silva.

Segundo a pesquisa do IBGE, de 1997 a 2003 o número de
trabalhadores na informalidade cresceu 8% e o número de empresas no setor
cresceu 9%. Em 2003, o setor faturou R$ 17,6 bilhões, montante inferior à cifra
atingida seis anos atrás, de R$ 20,07 bilhões. Houve queda também nos lucros,
mas assim mesmo 70% dos informais utilizaram parte dos lucros de exercícios
anteriores para novos investimentos.

"O crescimento do setor, de certa
forma, ajudou a diminuir a pressão sobre o mercado de trabalho formal, já que
são menos 13,8 milhões de pessoas nas filas a procura de emprego. No entanto, a
informalidade deixa o trabalhador sem proteção social, pois o número de
trabalhadores por conta própria ou de pequenos empregadores que pagam a
Previdência Social, é muito pequeno. Sem falar nos rendimentos que são mais
baixos e na jornada de trabalho, que também é maior", explicou a economista do
Instituto e responsável pela pesquisa, Amanda Duarte Mergulhão.

A
pesquisa foi realizada em cerca de 55 mil domicílios de todos os estados
brasileiros.

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