O Brasil ganhou dez posições, da 17ª para a 7ª no ranking de países mais atraentes para investimentos diretos estrangeiros (IDE) elaborado anualmente pela consultoria A.T. Kearney. O retorno do Brasil ao grupo de dez países mais atraentes reflete uma recuperação da confiança externa no País e pode sinalizar um aumento dos fluxos de investimentos diretos para a economia brasileira nos próximos anos.
Intitulado Índice de Confiança para o Investimento Direto Estrangeiro, o estudo baseia-se em entrevistas com centenas de executivos das maiores empresas do mundo e é uma das principais referências do mercado internacional para se avaliar o sentimento dos investidores.
"Os fluxos de investimentos diretos estrangeiros para o Brasil saltaram em aproximadamente 80%, atingindo US$ 18,2 bilhões em 2004", informou a consultoria. "Esse bom momento nos investimentos poderá continuar, com o Brasil retornando ao grupo dos dez países mais atraentes."
A A.T. Kearney afirma que a recuperação econômica e o crescimento dos níveis de renda alimentaram o interesse dos investidores estrangeiros em atacado e varejo, que posicionaram o país como o seu terceiro destino mais preferido. "Investidores dos setores de empresas utilitárias, telecomunicações e serviços financeiros, que previamente rejeitavam o Brasil diante da instabilidade macroeconômica e regulatória, estão agora reavaliando o mercado brasileiro", disse.
A A.T. Kearney observou que "com a inflação e a dívida brasileira sob controle", os investidores do setor financeiro colocaram o Brasil como o seu 14º destino preferido. Os investidores em telecomunicações e empresas prestadoras de serviços públicos elegeram o Brasil como o seu 16º destino mais atraente. Em 2004, os executivos dessas indústrias haviam colocado o Brasil além da 25ª posição.
As empresas do setor de eletrônicos, que tinham escolhido o Brasil na 6ª posição em 2004, consideram agora o País como o terceiro destino preferido, atrás apenas da China e Índia. Segundo a consultoria, as montadoras de veículos mantêm um forte interesse no Brasil, posicionando-o no 6º lugar, ante o 5º lugar registrado no ano passado.
"Os setores de químicos, metais processados, máquinas industriais, equipamento de informática, mineração e matérias-primas ansiosos em atender a demanda global para um ampla variedade de commodities também demonstraram uma maior confiança no mercado brasileiro."
Liderança
Pela primeira vez desde que começou a ser elaborado em 1998, o Índice da A.T. Kearney registra dois países emergentes como destinos mais atraentes. Pelo quarto ano consecutivo a China manteve a liderança, mas o destaque foi a Índia, que subiu da terceira para a segunda colocação, desbancando os Estados Unidos, que caíram para o terceiro lugar. O Reino Unido manteve a quarta posição. Quase todos os países do leste europeu subiram no ranking, com a Polônia ocupando a 5ª posição, seguida pela Rússia na 6ª. O México saltou da 22ª para a 16ª posição.
Segundo a consultoria, cerca de 45% dos investidores entrevistados demonstraram mais otimismo com a China e Índia neste ano do que em 2004. Esse percentual é quase o dobro do registrado nas duas primeiras posições em praticamente todos os setores de negócios entrevistados.
"A Índia está prestes a ver um salto nos seus investimentos diretos", disse Paul Laudicina, coordenador do estudo. "Entretanto, para que essa tendência se mostre sustentável, o governo indiano precisa manter sua propostas de reformas e superar os interesses estreitos de setores empresariais, melhorando a infra-estrutura, logística e normas regulatórias do País."
Segundo a AT Kearney, o otimismo dos executivos com a economia mundial caiu em relação ao ano passado. Em 2005, apenas 36% dos entrevistados estão mais otimistas com relação a economia global ante os 31% que estão negativos. No ano passado, quase 70% dos executivos estavam mais otimistas.