O Brasil é o país que mais exporta tabaco no mundo e é o segundo maior produtor (850 mil toneladas que correspondem a US$ 1,5 bilhão ao ano), ficando atrás apenas da China (2 milhões de toneladas). A Índia, que está em terceiro lugar (700 mil toneladas), foi o único país entre os grandes produtores a assinar a Convenção-Quadro para Controle do Tabaco, proposta pela Organização das Nações Unidas, que estabelece regras rígidas contra o tabagismo.
Na opinião do presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Hainsi Gralow, a Convenção-Quadro só poderá ser ratificada depois que for criada uma atividade substituta ao fumo que gere o mesmo rendimento aos agricultores.
"Poderemos experimentar diversas outras culturas indicadas pelo governo, mas para isso precisamos de um período de teste de dez anos para ver se realmente os produtos sugeridos são capazes de substituir o tabaco", afirma Gralow. Ele afirma que se o Brasil assinar o tratado neste momento, vai estar ratificando o acordo junto com países totalmente dependentes e que não produzem fumo.
Segundo a Afubra, um hectare de tabaco rende um receita em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil. A mesma quantidade de feijão plantada rende R$ 1.300, e de milho, R$ 1.200. Dados da associação indicam que o setor movimenta cerca de R$ 4 bilhões por ano no Brasil e garante o sustento de 200 mil agricultores da região Sul do país e de mais 30 mil na região Nordeste. A região Sul concentra 90% da produção, com cerca de dois milhões de hectares tomados pelo tabaco.
"Além disso, temos um mercado internacional altamente promissor para o fumo. Cerca de 80% do fumo produzido no Brasil é exportado, e nós não precisamos nos precipitar", complementa.
Hansi afirma que reconhece que o fumo causa problemas de saúde, mas chama a atenção para o problema social do fim do plantio de tabaco. "O fumicultor não planta fumo porque gosta de fumo, ele planta porque esta é a sua maneira de sobreviver".