Brasil precisa avaliar custos para usar energia nuclear, diz pesquisador

Rio de Janeiro – Embora o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC, da sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) aponte a energia nuclear como uma das opções para reduzir o aquecimento global, o pesquisador Emílio la Rovere atenta que, no caso brasileiro, a questão deve ser analisada sob o ponto de vista da viabilidade técnica e financeira.

?O grande problema é o alto custo da energia elétrica de origem nuclear quando comparado com o de outras opções?. Por isso, ele ressalta a importância de o Brasil verificar se fontes como a energia hidrelétrica ou a termeletricidade a gás natural seriam mais convenientes ao país.

La Rovere é professor da coordenação de programas de pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele participou da elaboração da terceira parte do relatório da ONU, divulgada nesta sexta-feira (4), em Bancoc, na Tailândia.

O Brasil tem hoje em funcionamento duas usinas nucleares, Angra 1 e 2, localizadas no município de Angra dos Reis, na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro.

A construção de outra unidade, Angra 3, está parada há cerca de 20 anos, consumindo US$ 20 milhões por ano em manutenção. Os recursos já investidos no projeto somam US$ 750 milhões. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear(Cnen), a retomada demandaria outros US$ 2 bilhões.

La Rovere diz que estudos recentes apresentados ao Ministério das Minas e Energia pelas estatais Eletronuclear e Furnas têm mostrado custos menores em relação à Angra 3. Ele pondera que, se os levantamentos estiverem corretos, pode ser interessante investir na usina, lembrando apenas que a energia nuclear também deve seguir exigências para o licenciamento ambiental.

Uma das vantagens apontadas por ele é o fato de esse tipo de energia não emitir nenhum gás causador do efeito estufa. De acordo com o pesquisador, o aumento da geração elétrica por fonte nuclear pode, inclusive, atenuar a emissão de combustíveis fósseis no mundo.

?Porque isso vai deslocar combustíveis fósseis que geram energia elétrica nos países industrializados. Mas tem que atender alguns requisitos, especialmente, ter novas gerações de reatores para que possamos ter maior segurança?.

La Rovere lembra que outras fontes renováveis de energia – como solar, eólica (dos ventos), biomassa e bagaço de cana – também não contribuem para o aquecimento global. A própria energia hidrelétrica, acrescentou, tem emissões associadas ao gás metano e dióxido de carbono nos reservatórios, mas elas são "muito inferiores" às emissões das termelétricas movidas a combustíveis fósseis.

O relatório do IPCC mostra que a energia nuclear pode chegar a 18% da matris energética mundial em 2030. Em 2005, esse percentual atingiu 16%. O documento ressalta que "segurança, proliferação de armas e lixo" continuam sendo fatores "preocupantes? em relação a esse tipo de energia.

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