O diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Nestor Osorio, considera que o Brasil pode se tornar o principal consumidor de café do mundo até 2010. Atualmente, o Brasil é o segundo maior consumidor do planeta, com cerca de 14,3 milhões de sacas de 60 kg/ano, atrás apenas dos Estados Unidos, com cerca de 20 milhões de sacas.

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Osorio concedeu entrevista durante a abertura da 12ª edição do Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que prossegue até sábado (21), na Costa do Sauípe (BA). Osorio acrescentou que o trabalho da indústria nacional é exemplo para os demais países produtores, onde muito se produz, mas cujo consumo é insignificante. Segundo ele, o excesso de oferta global de café tem sido responsabilizado pelos baixos preços do produto nos últimos 4 anos, "mas se esquece que o desequilíbrio aumenta com a falta de estímulo ao consumo", observou.

O diretor-executivo da OIC salientou que os preços do café arábica já ultrapassaram 91 cents por libra-peso, no início desta semana. Segundo ele, a indústria ainda tem se mostrado confortável com esse nível de preço, sem expressar intenção de interferir nos valores ao consumidor final. No entanto, Osorio ressaltou que é preciso cautela e "aprender com as lições do passado recente", como em 1994, quando os preços explodiram para em seguida cair para os níveis mais baixos de todos os tempos por causa do excesso de produção mundial.

Osorio preferiu não estimar o preço que o café pode alcançar nos próximos meses, "mas a tendência é de alta". Ele ponderou que a produção brasileira do ano que vem, que será inferior à deste ano (cerca de 38 milhões de sacas), vai dar o rumo para o mercado. Osorio salientou, no entanto, que o Vietnã voltou a colher safra próxima de 15 milhões de sacas, volume significativo que não era observado há algum tempo. Além disso, existem estoques de cerca de 20 milhões de sacas nos países produtores, além de outras 20 milhões de sacas armazenadas em países consumidores. " O importante é que, para os produtores, o pior já passou". "O momento é de se capitalizar e liquidar dívidas acumuladas no último ciclo de baixa", concluiu.

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