Brasília – A pirataria no Brasil não está mais restrita aos discos e roupas. Na agricultura, ela também já ganha espaço. Em entrevista à Rádio Nacional , dentro da série "Soja – um grande negócio", o presidente da Associação Brasileira de Obtentores Vegetais, Ivo Carraro, revelou que o país está a caminho de se tornar campeão na pirataria de sementes transgênicas.
"O nível de uso ilegal de semente protegida, no Brasil, é uma coisa absurda", afirmou Carraro que também é diretor da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). A entidade reúne produtores e pesquisadores em agricultura. Eles reclamam da falta de "fiscalização adequada" para o cumprimento da lei de patentes que protege os direitos intelectuais de empresas "privadas, públicas e mesmo multinacionais".
Para deixar de depender da tecnologia vinda de empresas estrangeiras, como a Monsanto, os produtores e pesquisadores sugerem que o Brasil não se dedique à pirataria, mas, sim, a "investir mais, trabalhar mais e produzir mais". Ivo Carraro conta que, para a última safra, enquanto foram vendidas "sementes legais" destinadas a quatro milhões de hectares, as "sementes piratas" plantadas ocuparam seis milhões de hectares.
O diretor da Abrasem defende o acerto feito pela empresa Monsanto para receber uma indenização dos que plantaram ilegalmente semente patenteada por ela. "Será cobrada dois por cento sobre o valor de cada saca na hora em que o produtor for vender o produto", calcula.
Segundo ele, a lei brasileira de patentes permite o "exercício de direito em todas as fases" e essa é mais uma forma de combater a pirataria e diminuir a sonegação de "royalties". "Hoje, é a Monsanto que está recebendo a indenização pelo uso indevido de suas sementes, amanhã pode ser a Embrapa ou qualquer empresa nacional", alertou Carraro.