O secretário-geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um dos formuladores da política externa brasileira, disse nesta quinta-feira (9) que "é possível" que o Brasil venha a sair do tratado de não-proliferação de armas nucleares. "Não é impossível não, tanto que a Coréia do Norte denunciou (deixou o tratado)", disse ele, no VI Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. A declaração do secretário-geral foi em resposta à pergunta de um militar do Exército, que estava na platéia e se identificou apenas como coronel Caio, se o Brasil sairia do tratado, "já que Índia, China e outros países vêm fazendo maciços investimentos em armas nucleares". Os dois países não participam do acordo.
O embaixador acredita que o processo de desarmamento previsto no tratado não está funcionando. "Os países armados continuam altamente armados", argumentou. Ressaltou que esses países têm outros programas de "armas sofisticadas", ainda que não nucleares, e que não estão sendo contidos. Para exemplificar, citou aviões dos Estados Unidos que voam no Iraque sem a necessidade de pilotos, dirigidos por equipamentos que ficam no estado americano do Texas. Sem citar nomes, afirmou que existem países que ainda não têm armas nucleares, mas que desejam tê-las. "Com o que houve na Coréia do Norte (teste de explosivo nuclear), alguns países anunciaram intenção até de rever suas constituições para ter armas nucleares", disse.