As perspectivas do setor de açúcar e do álcool estão em debate hoje no Itamaraty, em Brasília, por produtores, políticos e representantes do governo no seminário "O Brasil e a Energia do Século XXI: Açúcar e Etanol".
Maior produtor mundial de cana de açúcar, o Brasil também espera ser o líder na exportação de álcool em 2005 e aproveitar as oportunidades que se tornam potenciais com a aceitação pela maior parte dos países do Protocolo de Kyoto.
O protocolo, que deve entrar em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, é um acordo internacional com o objetivo de limitar a emissão pelos países desenvolvidos de gases responsáveis pelo aquecimento do planeta e que, por outro lado, pretende garantir um modelo de desenvolvimento sem poluição por parte dos países em desenvolvimento.
"O consumo de energia continuará aumentando e isso depende do adequado planejamento. Tanto dos poderes públicos, quanto da iniciativa privada", argumenta o deputado João Pizolatti (PP-SC), presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Ele lembrou que o setor vem obtendo sucesso expressivo desde que começou com o Proálcool , em 1975, em resposta ao primeiro choque do petróleo, até a desregulamentação do setor, em 1990, sendo hoje um exemplo de autogestão.
Só neste ano, as exportações de açúcar e álcool devem render ao país cerca de US$ 3 bilhões – um crescimento de 32% na comparação com 2003. Especificamente no caso do álcool, as exportações devem alcançar 2,2 bilhões de litros.
Um recorde, nunca imaginado até pelos representantes do setor como o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo, Eduardo Carvalho. "A história do setor nos últimos 30 anos é de enorme crescimento. E isso se dá porque nós somos os mais competitivos produtores de açúcar e de álcool do mundo. Nós só precisamos é desenvolver mercados.", diz.
Carvalho também não vê problemas quanto à infra-estrutura do país, que o governo tenta resolver com as PPPs (parcerias público-privadas). Segundo ele, há um esforço de todos para solucionar a questão dos "gargalos" e não há problemas quanto aos terminais de açúcar e sim para a estocagem de álcool.
Hoje, o Brasil é reconhecidamente um país de ponta quando se trata da eficiência na produção no setor sucroalcooleiro a ponto de sofrer constantemente a imposição de barreiras econômicas dos países mais desenvolvidos e blocos econômicos, como a União Européia.
"Esse setor é um no qual o país se orgulha muito por todos os benefícios que ele traz internamente e por todas as projeções que eles nos conferem em termos internacionais,", disse o embaixador Mario Vilalva , diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores.
Ele lembra que existem outras experiências sendo realizadas no mundo mas nenhuma chegou ao estágio em que está o etanol (álcool combustível) no Brasil.
Segundo números divulgados pelo embaixador, o Brasil é hoje o maior produtor mundial de cana e cerca de 50% são destinados ao etanol. Ele disse também que o país tem processado grande quantidade de cana e na safra 2003/2004 foram 357 milhões de toneladas, 28 milhões de toneladas de açúcar e 15 bilhões de litros de álcool.
Para a secretária de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, Maria das Graças Foster, o Brasil, que já é respeitado quando se trata de exploração de petróleo em águas profundas e referência na produção e consumo de álcool, passará também a ser destaque no uso do biodiesel (óleo de origem vegetal e adicionado ao diesel, como o álcool é misturado hoje à gasolina).