O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse hoje na Alemanha que o Brasil tem todas as condições de se transformar em grande fornecedor de alimentos e biocombustíveis. "Estudo feito por indústrias de fertilizantes mostra que a tendência no Brasil é de que nos próximos 15 anos cerca de 30 milhões de hectares de terra hoje ocupados com pastagem para criação de gado sejam transferidos para a atividade agrícola", disse Rodrigues.
Nomeado representante do governo brasileiro na Alemanha, Rodrigues receberá hoje o prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2006. Atualmente, o plantio de culturas permanentes e temporárias no Brasil ocupa 62 milhões de hectares. Outros cerca de 220 milhões de hectares são ocupados por pastagens. "Em 15 anos, a área usada para agricultura deve aumentar o equivalente a 50% do que foi ocupado em 500 anos de História do Brasil, utilizando-se apenas o que já está sendo explorado pela pecuária sem desflorestamento ou prejuízos ambientais. Além disso, graças ao aumento de produtividade da pecuária brasileira, essa expansão agrícola também se dará sem redução da produção de carne", explicou Rodrigues.
Segundo o ex-ministro, a transferência de áreas para agricultura vai ocorrer sem prejuízo à produção pecuária graças à melhora dos padrões tecnológicos utilizados pelos criadores de gado do Brasil. Isso proporcionou ganhos de produtividade na criação de gado, liberando áreas para produção de grãos. Repetindo discursos feitos enquanto era ministro, Rodrigues disse que o mundo está assistindo o fim da civilização do petróleo e o surgimento do novo paradigma da agroenergia. "O maior exemplo de insanidade coletiva do século 20 foi a humanidade ter apostado em um combustível finito, não renovável e altamente poluidor, que é o petróleo", ponderou.
Etanol
Rodrigues lembrou que o Brasil produz 16 bilhões de litros de etanol por ano e disse que, em 10 anos, serão produzidos mais 12 bilhões de litros de etanol só para atender à demanda no mercado interno. Hoje, 6 milhões de hectares são plantados com cana-de-açúcar no País e outros 20 milhões de hectares têm potencial para o seu plantio, sobretudo na região Centro-Sul, onde estão localizadas as maiores usinas de álcool. Também já está avançada a pesquisa para uso de etanol em turbinas de precisão. "Atualmente, os aviões para pulverização de lavouras do Brasil já usam etanol como combustível", informou Rodrigues.
De acordo com o ex-ministro, o Brasil tem interesse em oferecer tecnologia de produção e processamento de cana-de-açúcar e etanol para países da América Latina. "O Brasil está empenhado em que cada vez mais países passem a produzir etanol, pois dessa maneira é possível transformá-lo em uma commodity, o que dá maior agilidade de comercialização no mundo", disse. Ele também destacou a importância do biodiesel, sobretudo a partir da revolução tecnológica representada pelo H-bio, um processo de refinação desenvolvido pela Petrobrás, que permite a adição de óleo vegetal no óleo diesel.
Ele explicou ainda que o projeto do governo brasileiro de produzir biodiesel a partir da mamona é, na verdade, um investimento social na região mais pobre do Brasil, o Nordeste. Em 2007, 1,2 milhão de toneladas de soja poderão ser usadas para produção de biodiesel no Brasil. As informações são da assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura. Rodrigues passou o cargo para Luís Carlos Guedes Pinto há uma semana, mas a assessoria de imprensa do ministério continua divulgando material sobre o ex-ministro.