O Brasil está pronto para sair da etapa da retomada do crescimento para entrar na fase do crescimento sustentado, segundo o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. A afirmação foi feita por ele após conversa com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), ontem pela manhã, em Brasília.
Meirelles disse que o Brasil está passando da segunda para a terceira etapa na política econômica desenhada pelo governo Lula. Segundo ele, a primeira etapa foi de ajuste fiscal e controle da inflação. A segunda, de retomada do crescimento, e a terceira fase é de aceleração no crescimento sustentável.
Para Meirelles, o País encontra-se na segunda fase e caminha para a terceira. Para isso, precisa, entre outras coisas, da aprovação no Congresso das reformas tributária e da Previdência e da Lei de Falências.
“Não queremos criar bolhas, queremos crescimento sustentável. Já estamos passando da segunda para a terceira etapa”, disse.
O presidente do BC afirmou ainda que os destaques da política econômica são o controle da inflação e o crescimento recorde das exportações e que as dificuldades enfrentadas pelo governo “são as esperadas para um período pós-crise”.
Meirelles fez questão de destacar os resultados da balança comercial, cujo superávit já supera os US$ 20 bilhões no acumulado do ano, e o controle da inflação. Anteontem, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe apontou inflação de um dígito em São Paulo no acumulado dos últimos 12 meses pela primeira vez desde dezembro do ano passado.
Reformas
Meirelles destacou ainda a expectativa de uma aprovação rápida da reforma tributária. “Acho que quanto mais rápido melhor, mas só o Congresso dirá em quanto tempo (a reforma será aprovada)”, afirmou.
O presidente do BC lembrou ainda o fato de a nova Lei de Falências já estar no Senado. A lei foi aprovada em outubro na Câmara dos Deputados e pode ser colocada a qualquer momento em discussão no Senado.
A expectativa, no entanto, é que a lei só seja aprovada no ano que vem, já que a pauta do Senado está carregada de outros temas considerados “mais prioritários”.
Estagnação
Vale lembrar que a expectativa é de estagnação para a economia neste ano. Após o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre, o mercado reviu para baixo as suas estimativas de expansão da economia. Nenhuma das projeções supera 0,5% de alta – nem as do governo – e há quem acredite em expansão zero ou até retração.
No terceiro trimestre deste, segundo dados divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB teve uma ligeira expansão de 0,4% em relação ao segundo trimestre. Mas no acumulado do ano, há queda de 0,3% e em relação ao mesmo trimestre de 2002, houve um recuo de 1,5%.
