O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública global e a segunda maior causa de mortes no mundo. O total de mortes devido ao uso do tabaco já atingiu a cifra de cinco milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. No Brasil, cerca de 200 mil pessoas morrem anualmente em decorrência do cigarro, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
As estimativas da OMS apontam que existem 1,3 bilhão de fumantes no mundo. Metade deles, cerca de 650 milhões, morrerão prematuramente por alguma doença relacionada ao tabaco. As projeções do órgão mostram um incremento de 31% nas mortes relacionadas ao consumo de tabaco nos próximos 20 anos. Se isso for verdade, a quantidade de mortes anuais chegará a 10 milhões de pessoas em todo o mundo.
Os custos econômicos do uso do tabaco também são altos. Segundo a OMS, o produto gera uma perda líquida global de US$ 200 bilhões por ano e aumenta a desigualdade social, a pobreza e a desnutrição. Um terço dessa perda se concentra nos países em desenvolvimento, como o Brasil.
As graves conseqüências sociais e econômicas motivaram os países membros da OMS a sugerirem a adoção da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, primeiro tratado internacional de saúde pública do mundo. Para a diretora do programa da OMS Iniciativa Livre do Tabaco, a brasileira Vera Luíza da Costa e Silva, é essencial que o Brasil ratifique o tratado.
"Pelas 200 mil mortes que acontecem na população brasileira, por uma necessidade de promover a saúde pública e também porque questões como impostos e tabaco, o contrabando e a publicidade são questões que o governo isoladamente não tem como trabalhar sem fazer parte de um tratado internacional", afirma.
O presidente do INCA, José Gomes Temporão, acredita que a ratificação da Convenção é antes de tudo uma ação estratégica para o país e não se contradiz com a continuidade do plantio do tabaco.
"Temos que optar pela saúde pública e pela vida. É claro que a questão dos pequenos produtores tem que ser considerada, mas os temores que eles alegam na verdade estão sendo fomentados pela indústria, porque não existe nenhuma linha escrita na Convenção-Quadro que coloque em curto prazo qualquer ameaça a continuidade na produção de tabaco", afirma.