Brasil passa a fazer parte da Organização Internacional de Migrações

Em uma tentativa de fortalecer sua política migratória, o Brasil passa a fazer parte amanhã da Organização Internacional de Migrações (OIM), entidade com mais de 50 anos e que reúne 105 países. Considerado o 14º maior país de destino de imigrantes na década de 60, o Brasil deixou de ser um dos principais destinos de estrangeiros diante da crise que atravessou nos anos 80 e 90. O País passou a observar um fluxo de emigração e chega hoje ao posto de 8ª economia em desenvolvimento que mais recebe dinheiro de brasileiros vivendo nos quatro cantos do mundo.

Em um relatório publicado hoje pela Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que o Brasil obteve US$ 2,4 bilhões pelos canais oficiais do dinheiro enviado por seus emigrantes. Informalmente, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) acredita que o volume chegue a US$ 8 bilhões. Em entrevista, Bruno McKinley, diretor da OIM, acredita que a adesão do Brasil à entidade pode resultar na criação de novos mecanismos que irão facilitar o envio desse dinheiro ao País de forma legal. "Grande parte do dinheiro que é enviado pelos emigrantes fica fora do controle do governo. O que podemos fazer é incentivar as pessoas a fazer as remessas pelo sistema bancário. Para isso, teremos de tornar o custo do envio mais baixo e ainda dar documentos para que os imigrantes ilegais possam ir até uma agência bancária no exterior e fazer suas remessas. Alguns podem chamar essa iniciativa de ajudar aos imigrantes ilegais de cinismo. Eu chamo de flexibilidade", afirmou McKinley.

Para a ONU, a América Latina continuará a gerar um fluxo de emigração nos próximos 50 anos. Segundo seu relatório publicado hoje, a região será a que mais sofrerá uma perda relativa de sua população até 2050 por conta da emigração. Nas próximos cinco décadas, a América Latina poderá chegar a ter uma população de 806 milhões de pessoas. De outro lado, ONU alerta que muitos países ricos começam o novo século apontando que irão necessitar de novos trabalhadores para que suas economias não parem de crescer.

Além da questão da emigração de brasileiros, a OIM também avaliará a entrada de imigrantes no País. Segundo a ONU, o Brasil já deixou de ser um local de destino para os imigrantes. Em 1960, o Brasil somava 1,4 milhão de imigrantes, que representavam 1,8% dos imigrantes do mundo.

Isso colocava o País como o 14º maior receptor de estrangeiros. Hoje, são menos de 600 mil, o que deixa o Brasil de fora da lista dos 30 países que mais recebem estrangeiros. Mesmo assim, a OIM dará especial atenção ao fluxo de paraguaios e bolivianos ao País.

Contribuição

A adesão do Brasil à OIM ainda terá um custo financeiro. O País já sofre todos os anos para pagar sua contribuição financeira à ONU, mas no caso da OIM, estima-se que o pagamento possa ser feito em colaboração entre os vários ministérios envolvidos, entre eles o Ministério do Trabalho e da Justiça. Segundo o governo, o valor seria de apenas US$ 600 mil ao ano. Em contrapartida, OIM manifestou sua vontade de estabelecer um escritório no País nos próximos meses.

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