Brasil paga os menores juros da história por captação externa

Com o risco país em queda, o governo conseguiu hoje (16) captar no mercado internacional US$ 500 milhões em bônus com vencimento em 2037 a um custo muito menor para o Tesouro Nacional. Chamados de Global 2037, os papéis foram vendidos com o histórico spread (diferença em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de prazo semelhante) de 204 pontos-base. Foi o mais baixo spread de todas as emissões de Globals da República, iniciadas em 1996.

A operação foi iniciada hoje, logo depois da divulgação de indicadores da economia norte-americana, que apontaram que não deverá haver uma elevação brusca dos juros básicos, o que poderia afetar o fluxo de investimentos para os países emergentes como o Brasil. Essa foi a segunda captação com o mesmo prazo de vencimento, em 2037. Na primeira vez que o Brasil lançou o Global 2037, no início de janeiro, foi vendido US$ 1 bilhão. Na operação de hoje, o título brasileiro foi emitido com taxa de retorno para o investidor de 6,831% ao ano. Na primeira operação, a taxa de retorno foi mais alta (7,57%), com o Tesouro pagando mais aos investidores.

O spread da operação inicial saiu mais elevado: 295 pontos-base acima dos papéis norte-americanos de prazo semelhante. Os recursos captados entrarão para as reservas internacionais no dia 23.

O Global 2037 é o mais longo papel da dívida externa. Isso porque o papel mais longo, o Global 2040, tem uma cláusula chamada de "call", que permite ao Tesouro recomprá-lo a 100% do valor de face a partir de 2015. Com isso, na prática, o Global 2040 acaba tendo prazo menor. Com a emissão de hoje, o Tesouro já captou US$ 5,3 bilhões no mercado externo para honrar os compromissos com o pagamento dos títulos da dívida externa que vencem neste ano e em 2007. A estratégia do Tesouro de emissões para este ano e o próximo considera uma captação total de US$ 9 bilhões.

A intenção do governo de reabrir a emissão do Global 2037 foi a de aumentar a liquidez do papel no mercado secundário Com maior volume desse papel em circulação, o desempenho no mercado secundário é melhor, o que contribui para preços e spreads mais justos. O Tesouro inaugurou com a captação de hoje a presença de bancos domésticos em emissões externas em dólares, já que o Itaú atuou como co-líder da operação. Os coordenadores da operação foram os bancos estrangeiros HSBC e JP Morgan.

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