Uma curva mal sinalizada, na estrada que liga Natal a João Pessoa, mudou a vida de Cassius Valle, de 31 anos. Há três meses, depois de um dia de trabalho, ele seguia para casa, sozinho, quando perdeu o controle do veículo, que capotou. Valle usava cinto de segurança e não havia ingerido bebida alcoólica. Mas reconhece que excedeu um pouco a velocidade, fator que, combinado à curva inesperada, acabou deixando graves seqüelas: Cassius ficou tetraplégico e, há alguns dias, trocou o antigo endereço pelo Hospital Sarah Kubitschek, onde faz terapia funcional para tentar recuperar os movimentos.

?Você fica dependente das pessoas. A gente cresce para ter uma independência e de uma hora para outra você se torna totalmente dependente para as mínimas coisas?, diz Cassius. A história dele é um dos cerca de 350 mil acidentes que deixam feridos no Brasil. Por ano, são mais de 30 mil mortes nas estradas e avenidas brasileiras, numa proporção de um caso a cada 18 minutos. A violência no trânsito tem um custo social de R$ 10 bilhões por ano.

O Brasil ocupa o quarto lugar do ranking mundial de acidentes de trânsito. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), a taxa de mortes é de 6,8 para cada 10 mil veiculos, enquanto nos Estados Unidos é de 1,93 e na França 2,35. De acordo com o Ministério da Saúde, de janeiro a julho deste ano, os acidentes de trânsito consumiram entre 30% e 40% do que o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou com internações por causas externas (aquelas resultantes de acidentes e violência em geral), equivalente a R$ 268,7 milhões. Na rede Sarah Kubitschek, referência mundial em reabilitação, mais da metade dos casos atendidos é de vítimas da violência no trânsito.

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