A indefinição política no Brasil impede que o País mande uma delegação ministerial para a Assembléia Mundial da Saúde (OMS) que começa nesta segunda-feira (22), em Genebra, na Suíça. Com a freqüente participação de ministros de todo o mundo, além de alguns chefes-de-estado, a Assembléia é a principal reunião promovida por ano pela ONU sobre a situação da saúde no mundo. Neste ano, até mesmo príncipe Charles, do Reino Unido, estará no evento com outras duas mil pessoas de todo o mundo.
O ministro da Saúde, Agenor Álvares, teria informado que não iria ao encontro porque apenas ocupa a pasta de forma interina. Álvares substituiu a José Saraiva Felipe que deixou o cargo para se candidatar às próximas eleições, como prevê a lei. A notícia pegou de surpresa especialistas e organizações não- governamentais. "Isso tem relação com as eleições no Brasil?" questionou um ativista.
Para alguns, o Brasil mostra uma "atitude contraditória" ao não enviar sequer um ministro à principal reunião internacional sobre saúde. Isso porque o País é autor de uma das propostas que mais irá gerar debates durante a Assembléia. O governo está propondo de a Organização Mundial da Saúde (OMS) crie um grupo de trabalho para definir investimentos para o desenvolvimento de remédios para as doenças que atingem as populações mais pobres.
Um levantamento publicado na revista médica The Lancet estima que, entre 1974 e 1999, apenas 13 princípios ativos foram descobertos e pesquisados sobre doenças consideradas como negligenciadas. No total, mais de 1,3 mil princípios ativos foram desenvolvidos nesse mesmo período pelas empresas farmacêuticas e centros de pesquisa.
ONGs de todo o mundo apóiam a idéia brasileira e, há cerca de uma semana, um baixo assinado foi entregue à OMS pedindo que a proposta seja aceita. Mas tanto as empresas farmacêuticas quanto os governos dos países ricos rejeitam a proposta. Isso porque exigiria uma reforma do sistema de patentes e a relação entre institutos de pesquisa e empresas.