Brasil não tem total liberdade de imprensa, diz representante da Unesco

Brasília – O assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, que denunciou o esquema de aliciamento de menores em Porto Ferreira (em São Paulo), é um exemplo, ara o representante da Unesco no Brasil, Vincent Defourny, de que ?a liberdade de imprensa não existe completamente no país?.

Defourny participou nesta terça-feira (8) de um encontro na Câmara dos Deputados promovido pela Associação de Jornais (ANJ) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A reunião foi realizada em comemoração ao Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, celebrado no dia 3 de maio, e discutiu o diagnóstico e as perspectivas sobre a liberdade de imprensa na América Latina.

O presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, disse em seu discurso de abertura que ?há uma união indissolúvel entre a democracia e a imprensa livre?. Para ele, este seminário demonstra ?o interesse dos seus representantes [no Congresso] quanto à necessidade de que a imprensa exerça suas funções totalmente livre de ingerências externas?.

O vice-presidente da República, José Alencar, realçou que ?no momento em que a imprensa não puder levar as informações aos brasileiros ou para pessoas de qualquer país, ela não estará prestando um serviço ao desenvolvimento da democracia, porque todos precisam ser informados. É bom que a imprensa seja livre para que as questões sejam tratadas com absoluta clareza e transparência?.

O jornalista Elide Rojas, do jornal El Universal, de Caracas (Venezuela), e o editor Álvaro Sierra, do El Tiempo, de Bogotá (Colômbia) disseram que seus países também sofrem dificuldades em prover a liberdade de imprensa. Assim como no Brasil, há ameaças de morte a jornalistas.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence, disse a liberdade de imprensa tem o ?preço? da responsabilidade. Segundo ele, o Judiciário faz o papel ?antipático?, já que, às vezes, tem que impor essa responsabilidade por meio de medidas cautelares. ?Acho que a total falta de liberdade, a total falta de censura deve corresponder o sistema de responsabilidade, cada um responderá pelos abusos que cometer?.

O presidente a Associação Nacional de Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky, disse que o Brasil não precisa de mais legislação sobre o tema, ou qualquer tipo de controle, mas de debate. ?A liberdade trás consigo a responsabilidade dos meios de comunicação, dos profissionais de imprensa e da sociedade que recebe esse tipo de informação. A visão da associação que representamos é de que nós não precisamos de novos órgãos, de mais legislação. É preciso promover o debate amplo e aberto com a sociedade brasileira para a consolidação desse direito, que não é só dos meios de comunicação, mas é da cidadania, que é o direito a liberdade de imprensa?.

Representantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ) entregaram ontem ao ministro da Justiça, Tarso Genro, um manifesto em defesa da liberdade de imprensa. A 2ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Imprensa teve a participação de jornalistas de diversos países e de autoridades do governo, do legislativo e do judiciário.

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