Brasília – O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, alertou hoje que, embora não haja risco iminente de o Brasil ser atingido pela gripe aviária, não se pode garantir que o País esteja imune. O H5N1, cepa letal do vírus, pode ser trazido por aves migratórias, como já está acontecendo na Europa. "Se a doença continuar se expandindo, fatalmente vai chegar, primeiro como problema veterinário."
Saraiva fez as declarações durante a comemoração dos 105 anos do Instituto Butantã, em São Paulo, que deve iniciar a produção da vacina contra a gripe aviária ainda neste ano. "Impedir que (o vírus) chegue é uma bobagem", arrematou o ministro.
Prevenção
A escalada do número de casos no mundo fez com que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciasse medidas preventivas hoje, em Brasília. A principal delas proíbe a importação, comercialização e ingresso de carne de aves, ovos, penas e plumagens procedentes de países com casos confirmados.
A resolução, que passou a vigorar hoje, deve ter impacto reduzido nas importações. "O Brasil é tradicionalmente um exportador desses produtos. Mas, com essa doença, todo cuidado é pouco", avalia o gerente geral de Vigilância, Portos e Aeroportos da Anvisa, Paulo Ricardo Nunes.
O Ministério da Agricultura também determinou a suspensão da entrada de carne de frango in natura, aves adultas vivas, penas e outros produtos sem tratamento do Iraque e da Índia, que recentemente notificaram casos de gripe aviária. "As duas medidas obedecem o princípio da precaução", completou Nunes
A resolução da Anvisa se refere a produtos processados e embalados para consumo humano, além de penas e plumagens usadas para enchimentos. A norma estabelece ainda cuidados com navios e aviões que tenham se abastecido em países com registro da gripe. Terão de passar por fiscalização antes do desembarque. Restos de comida com produtos de aves adquiridos em países com registro da doença terão de ser submetidos a um processo de descarte especial.
A atualização da lista de países proibidos é feita segundo registros da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). "Cada vez que um novo país for incluído na lista da OIE, ele passa a figurar também a nossa lista de proibições", disse Nunes