Um banco norte-americano apelidou de BRICs o grupo Brasil, Rússia, Índia e China, alusão às iniciais dos principais países emergentes da atualidade. Em matéria editorial sob o título ?O desafio de Lula?, o Financial Times, um dos mais respeitados jornais de finanças e economia do mundo, diz que a estabilidade não basta: o Brasil precisa crescer rapidamente, sob pena de cair fora desse bloco de emergentes, e adverte que podemos chegar até a desindustrialização.
O artigo começa dizendo que ?o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gosta de se gabar de que o Brasil está avançando rumo à condição de membro do mundo desenvolvido?. E lembra que, a julgar pelo desempenho dos mercados financeiros do nosso país, vários investidores parecem concordar com o presidente. O mercado acionário tem apresentado bom desempenho e o real é uma das moedas que mais se fortalecem no mundo. O jornal ainda elogia o desempenho das nossas exportações e credita a uma combinação de preços altos de bens de consumo e de abundante liquidez internacional as condições externas que alcançamos, as melhores dos últimos 50 anos.
Aí vem a má notícia: neste ano teremos um crescimento de no máximo 3% e o PIB caiu 1,2% no último trimestre. Uma no cravo, outra na ferradura: os superávites brasileiros são impressionantes, a política fiscal é controlada com rigor e a inflação caiu para menos de 6%. De outro lado, a previsão é de que os gastos de capital devem aumentar no ano que vem. É ano eleitoral. Mas Lula dará início a esses gastos a partir de uma base muito minguada.
No ano de 2003, o governo Lula direcionou para investimentos apenas 2% do que arrecadou. Em 1987 esses investimentos eram de 16%. Refere-se ainda às altas taxas de juros, as maiores do mundo e ao ?retumbante escândalo de corrupção política e dúvidas quanto à direção econômica que o governo deverá seguir após as eleições presidenciais do ano que vem?. Diz que estas dúvidas estão estrangulando os investimentos diretos.
A valorização do real, ou queda do dólar frente à nossa moeda, é um pau de duas pontas. E o que nos fere é que os nossos produtos se tornam incapazes de competir no mercado externo. A informação é de que multinacionais do setor automotivo acham os custos brasileiros muito altos e estão preferindo comprar materiais de países asiáticos e europeus.
A recomendação é de que o Brasil procure desesperadamente recuperar o ímpeto econômico e que precisa adotar mais reformas estruturais para corrigir a natureza arriscada dos gastos estatais. Também é necessário baixar medidas que livrem as pequenas e médias empresas das excessivas regulamentações.
O jornal britânico critica o nosso Banco Central, dizendo que precisa ser mais agressivo em suas políticas monetárias. Lembremo-nos que o ano que vem é eleitoral. Lula já mandou soltar dinheiro para os ministérios, porém em quantidade muito aquém das solicitadas e necessárias. E não terá recursos suficientes para atender aos programas que seu governo diz pretender executar.
Quanto às eleições em si, o valerioduto já está fechado (será?) e não se sabe com que dinheiro o governo pensa sustentar uma campanha de reeleição do presidente.
