O Brasil foi citado ontem pelo jornal New York Times como líder de uma nova América Latina, que segundo a publicação apresenta cada vez mais resistência a pressões americanas nas áreas de imigração, comércio e segurança – consideradas desfavoráveis aos interesses da região. Segundo o jornal – um dos mais respeitados e influentes dos EUA -, a América Latina não é mais um celeiro ?de aliados doces e confiáveis? da Casa Branca.

Para ilustrar sua tese, na área de segurança, o jornal cita o ?imbroglio? da identificação de americanos no Brasil. ?Quando Washington passou a exigir fotos e impressões digitais de visitantes estrangeiros de países cujos cidadãos necessitam de visto para entrar no país, um juiz brasileiro ordenou que tratamento igual fosse dado aos americanos no Brasil?, afirma o New York Times, lembrando que a reação brasileira foi criticada pelo secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, cujo departamento considerou o fichamento um ato discriminatório.

O NYT cita ainda desentendimentos que resultaram num impasse para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A publicação lembra que o Brasil liderou um grupo de países que insistia que os subsídios agrícolas e as medidas protecionistas para o setor do aço americanos deveriam ser incluídos nas negociações. Os líderes da América Latina se mostram, agora, mais pragmáticos em suas relações com EUA e ?também perderam o medo de contestar Washington, mesmo diante de uma considerável pressão?, diz o jornal.

Uma nova rodada de conflito entre os EUA e a América Latina está prevista para a Cúpula das Américas, na semana que vem em Monterrey, no México. Os líderes dos 34 dos 35 países do continente querem discutir a redução da pobreza, desenvolvimento econômico, democracia e combate à corrupção. Mas analistas advertem que os Estados Unidos, devem tentar incluir nas margens da reunião discussões sobre a formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), tema que o Brasil abertamente se opõe a discutir no encontro.

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