O Banco de Compensações Internacionais (BIS) classificou a situação dos mercados de crédito para os países emergentes de "exuberante" nos últimos dois meses e destaca a queda do risco Brasil como conseqüência desse cenário. A avaliação faz parte do relatório trimestral do banco, lançado hoje, mas não inclui as recentes incertezas registradas pelos investidores diante da pressão inflacionária nos Estados Unidos.
Segundo o levantamento, o spread das economias emergentes voltou a cair no primeiro trimestre do ano e esteve em um dos seus níveis mais baixos. O BIS ainda aponta que a economia brasileira recebeu o maior fluxo de capital dos últimos cinco anos no primeiro trimestre do ano, com US$ 13,7 bilhões.
Para o BIS, conhecido como o banco central dos bancos centrais, o Brasil foi um dos maiores exemplos de país emergente que verificou uma queda do risco. O País viu seu spread ser reduzido em 51 pontos entre junho e 1º de setembro. Segundo o BIS, o risco estava em 222 pontos nos primeiros dias de setembro, nível considerado como baixo para o histórico recente da economia nacional.
De fato, não foi só o Brasil que conseguiu essa posição. O BIS aponta que os meses de julho e agosto foram os da "recuperação da exuberância em mercado de créditos" para os países emergentes que nem sequer foram afetados pelos conflitos no Líbano ou pelas ameaças terroristas nos vôos de Londres.
Segundo o banco, alguns dos principais países emergentes também foram beneficiados por uma melhoria na classificação de risco, como China, Índia, Indonésia e Rússia. Isso teria ocorrido graças a uma melhor percepção sobre os fundamentos da economia.
O resultado foi a volta de uma situação parecida à registrada no início deste ano, quando a liquidez no mercado externo era abundante para os países emergentes. Não por acaso, o nível de risco no mês de junho tocou em um de seus patamares mais baixos nos últimos anos.
Segundo o BIS, outro fator que chamou a atenção em relação ao Brasil foi o volume de linhas de crédito para o País no primeiro trimestre do ano. Os economistas apontam que o montante de US$ 13,7 bilhões registrado em empréstimos e linhas de créditos mostra a "confiança" na economia nacional. A maior parte desses recursos saiu do Reino Unidos e de offshores.
De acordo com os economistas do banco, o Brasil foi quem mais recebeu empréstimos na América Latina no período avaliado. Se descontado o dinheiro depositado por brasileiro no exterior, como em pagamentos de dívidas, a entrada líquida de capital no País foi de US$ 2,4 bilhões.