Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmava que "ninguém" mais fala da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e enfatizava a importância da aproximação do Brasil com países como Bolívia e Venezuela, o governo americano pregava a importância do relacionamento dos países latino-americanos com os Estados Unidos.
"A maioria dos países da América Latina tem demonstrado forte interesse em manter uma relação próxima com os Estados Unidos", disse ontem Thomas Shannon, subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental. "Eles reconhecem que o acesso ao mercado dos EUA e a assistência americana, financeira ou técnica, são importantes para o êxito de muitas nações na região.
Shannon, que ontem se reuniu com 12 correspondentes da América Latina, em Washington, se reporta à secretária de Estado Condoleezza Rice, é a voz do governo Bush para as Américas.
Sobre o relacionamento de Washington com Brasília, Shannon afirmou que tem "encorajado o governo brasileiro a usar a sua influência na região para ajudar os países a consolidar a democracia, a continuar as reformas econômicas e a agenda de integração no hemisfério".
Lula deve visitar o presidente George W. Bush em março. "Bush e Lula têm uma afinidade pessoal que facilitou a comunicação e tem sido muito útil para guiar a burocracia dos dois países", disse o subsecretário.
Na agenda de prioridades da relação bilateral, segundo Shannon, estão: grupos de trabalho em meio ambiente, ciência e tecnologia; cooperação em biocombustíveis, combate ao crime organizado e narcotráfico e comércio.
Venezuela
"O Brasil tem um papel muito importante não apenas na América do Sul, mas também no hemisfério, pois é comprometido com democracia, o comércio e o desenvolvimento das nações da região" disse Shannon. "Os esforços do Brasil para facilitar a integração da América do Sul são importantes também para tentativas mais amplas de integração do hemisfério.
O subsecretário seguiu na linha de flexibilização do Departamento de Estado em relação aos países da região. "Estamos nos aproximando dos governos recém-eleitos da América Latina, estabelecendo diálogos com vários países", disse Shannon, que acaba de visitar a Nicarágua, o Panamá, e El Salvador. "Reconhecemos que o sucesso desses governos depende da habilidade que eles terão para abordar a questão social.
Shannon afirmou que o "tom de confronto" na relação entre Estados Unidos e a Venezuela não reflete a realidade dos interesses dos dois países. "Esse tom de confronto tem objetivos políticos e esperamos que, passadas as eleições, o relacionamento se normalize", disse. "Indicamos que queremos diálogo com a Venezuela e temos recebido sinais positivos.