O presidente da Brasil Ferrovias, Elias David Nigri, disse hoje que está mantido para a próxima semana o cronograma de venda do controle da empresa pelos sócios majoritários, que são os fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ) e da Caixa Econômica Federal (Funcef). Somando-se a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), os três acionistas possuem 95% do capital total e 50% do capital votante mais uma ação da empresa, representativos do controle.
"Está mantido o cronograma para a semana que vem, estão mantidas as operações da empresa, bem como os investimentos e o plano de expansão. A vida continua normal", afirmou Nigri. Ontem, a Brasil Ferrovias conseguiu liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo suspendendo os efeitos da sentença do juiz Caio Marcelo de Oliveira, da 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, que decretou a falência da companhia no último dia 9. A falência da Brasil Ferrovias foi requerida pela Scala Participações Ltda., que alega ser credora de uma dívida de R$ 5,6 milhões vencida e não paga, que não é reconhecida pela empresa.
Elias David Nigri informou que os principais interessados na aquisição do controle da Brasil Ferrovias são as empresas MRS Logística, LL Bunge e Copersucar, que já se habilitaram para a etapa inicial, de apresentação de propostas. Segundo Nigri, "quem está colocando a opção de ter um parceiro privado para compartilhar o controle é a Previ e a Funcef". Ele não descartou, porém, que o BNDES possa aderir a esse processo. O presidente da Brasil Ferrovias observou, contudo, que apesar de venderem o controle, os fundos e o BNDES permanecerão como sócios da empresa.
A retirada do controle é estratégica, na avaliação de Elias Nigri, porque "com isso, eles têm condição de atrair maior valor ao processo". A dívida da empresa junto ao BNDES, entretanto, que hoje soma cerca de R$ 1,5 bilhão, não será alterada. Ele lembrou que a Brasil Ferrovias resultou de um processo de reestruturação onde teve capitalização dos acionistas e reestruturação da dívida. "A dívida hoje está equacionada, estruturada, e é de longo prazo", salientou.
O interesse dos investidores é explicado pelo fato de a empresa ocupar uma posição estratégica, "única no mercado de transportes brasileiro", atendendo à maior região produtora agrícola do país. "Essa posição estratégica atrai bastante interessados", indicou. Os investidores apresentarão suas propostas aos acionistas, a quem caberá escolher a melhor, disse Elias Nigri.