Brasil deverá se articular com outros quatro países – Argentina, África do Sul,
Índia e China – para formular uma posição conjunta para as negociações sobre a
redução de tarifas para produtos industriais na Rodada Doha da Organização
Mundial do Comércio (OMC). O teste dessa iniciativa se dará nesta semana, quando
acontece, em Genebra, as reuniões do Grupo de Nama (sigla em inglês para Acesso
a Mercados para Produtos Não-Agrícolas).

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A criação deste "G-5" tem como
inspiração o êxito da estratégia do Brasil de compor, em 2003, o G-20 – a
coalizão de países em desenvolvimento que contrariou os EUA e a União Européia e
insistiu no objetivo mais ambicioso para a negociação dos temas agrícolas.
"Tentaremos apresentar nossa proposta, mas não o faremos sozinhos. Vamos nos
compor com esses quatro países que são os mesmos com quem trabalhamos na
negociação agrícola. Todos fazem parte do G-20", disse o embaixador Piragibe
Tarragô, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty.

A iniciativa do
Brasil de não se apresentar sozinho no embate sobre a proteção tarifária a bens
industriais se deve, em grande medida, ao desacerto sobre o tema na reunião de
ministros de 30 dos 148 países da OMC no último dia 4, em Mombasa, no Quênia.
Esse encontro antecipou um cenário espinhoso para a reunião do Grupo de Nama,
entre os próximos dias 14 e 18, quando os membros da organização deverão
apresentar suas propostas e, portanto, dar início às barganhas.

Segundo
Tarragô, o fato de as cinco economias contarem com parques industriais tão
diferenciados, com necessidades distintas de proteção e de liberalização para
seus segmentos, não impede que se articulem para a formulação de uma proposta
comum para a redução de tarifas nos 148 países. A receita permitiria a todas as
Nações "se acomodarem" à fórmula, argumentou.

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Em princípio, interessa ao
Brasil e também aos outros quatro parceiros um corte profundo nos picos e nas
escaladas tarifárias – as alíquotas com até três dígitos aplicadas ao comércio
total ou parcial de produtos industriais, principalmente pelos países mais ricos
do mundo. "Não sei se esse corte será um facão ou uma tesourinha", afirmou,
bem-humorado, o embaixador.

Paralelamente ao esforço no Grupo de Nama, o
G-20 deverá se reunir em Nova Délhi, na Índia, no próximo dia 16. Sem decisões
graves a tomar, em relação à negociação agrícola que se dará entre 13 e 19 de
abril, em Genebra, o encontro terá o objetivo de aglutinar a coalizão e evitar
possíveis dispersões entre seus 20 sócios.

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