Brasília ? Como e por que a hipertensão e o diabetes mellitus se desenvolvem? Essa é uma das perguntas que devem ser respondidas pelo Estudo Multicêntrico Longitudinal em Doenças Cardiovasculares e Diabetes Mellitus (EMLDCD), também conhecido como Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa/Brasil).
Trata-se da maior pesquisa sobre as duas doenças já realizada na América Latina. Um consórcio formado por sete instituições de ensino superior será responsável pelo estudo. As instituições foram selecionadas por meio de chamada pública e receberão R$ 22,6 milhões do Ministério da Saúde até 2008.
O objetivo do estudo, entretanto, é acompanhar por 20 ou até 30 anos a saúde de aproximadamente 15 mil pessoas, método conhecido como acompanhamento longitudinal. O recrutamento começa neste mês e será feito pelos próximos três anos. Os selecionados vão ser chamados periodicamente para realizar exames.
"Vamos ter uma central de exames onde os mesmos examinadores farão os 15 mil exames para obtermos um padrão de qualidade alto. Teremos também uma central de dados para formar um grande retrato nacional das doenças", disse a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Suzanne Serruya.
Para realizar o estudo, foram selecionadas as universidades federais de São Paulo (USP), de Minas Gerais (UFMG), da Bahia (UFBA), do Espírito Santo (UFES), do Rio Grande do Sul (UFRGS), além da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A coordenação do estudo ficará a cargo do Ministério da Saúde e o orçamento virá dos Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Metade dos recursos virá do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e outra parte do Fundo Setorial CT-Saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, após a violência e os acidentes, as doenças mais prevalentes na população brasileira são a hipertensão e o diabetes. No Brasil, o percentual de prevalência da hipertensão chega a 35% da população com idade igual ou superior a 40 anos – cerca de 12 milhões de pessoas. No caso do diabetes mellitus, o índice é de 11%, o que representa quase 4 milhões de brasileiros nessa faixa etária.
"Se pudermos ter uma ação definitiva na prevenção dessas doenças, não só teremos uma economia fantástica de recursos como conseguiremos melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e dos próprios portadores da doença. O grande objetivo do ministério é personalizar as estratégias nacionais para evitar o aparecimento dessas doenças", afirmou Suzanne.
O Ministério da Saúde já desenvolve programas de atenção à saúde dos portadores de hipertensão e diabetes. As ações incluem entrega de medicamentos, registro dos pacientes e realização de campanhas de prevenção. Cerca de R$ 300 milhões são gastos anualmente com internações hospitalares decorrentes dos dois males.