O Brasil e o mundo devem conhecer o primeiro automóvel elétrico – e ecologicamente correto – montado no País durante os Jogos Pan-Americanos, que acontecem no Rio de Janeiro em julho. Segundo Celso Novais, engenheiro responsável pelo projeto de veículo elétrico, o primeiro modelo será apresentado, na ocasião pela Eletrobrás. "Será uma ação ambiental, onde será mostrada nossa consciência ecológica ao mundo", diz Novais, lembrando, no entanto, que já há modelos de carros elétricos de testes nas ruas, mas que foram montados na Europa. "Vai ser o primeiro montado aqui", conta.

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O projeto do carro elétrico foi proposto à Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), pela empresa suíça KWO, em novembro de 2005. Entretanto, o projeto começou a se concretizar em maio do ano passado, quando foram assinados os primeiros convênios. O projeto vai até 2011. Entre os parceiros, além da Eletrobrás, estão Copel, CPFL, Cemig e Furnas. Há ainda parcerias com Ande, do Paraguai, e a própria KWO.

Cada uma dessas empresas participa das linhas de pesquisa e desenvolvimento e na parte de testes. Os valores envolvidos no projeto não foram divulgados, mas, de acordo com o engenheiro, não são similares. "Cada empresa está fazendo um determinado investimento, mas os royalties dos produtos serão retornados proporcionalmente ao que foi investido." E acrescenta: "Daqui a cinco anos, quando o projeto estiver concluído, cada empresa vai poder negociar com as montadoras para produzir veículo elétrico em escala industrial, por meio de iniciativa privada, oferecendo seu produto desenvolvido durante o projeto.

As montadoras Fiat e Weg, além de universidades do Brasil e da Europa, também participam do projeto. A linha de montagem no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Montagem de Veículo Elétrico, na Usina de Itaipu, foi instalada pela Fiat em um galpão de 2,2 mil metros quadrados. A Fiat, segundo Novais, tem contrato de exclusividade, "sem fim lucrativo", de dois anos. "Eles fornecem manutenção e assistência técnica", diz. Questionado se a Fiat teria preferência no lançamento deste veículo, o engenheiro desconversou.

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Novais afirma que o governo federal ainda não está diretamente envolvido, mas diz que o veículo já foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Silas Rondeau (Minas e Energia). Segundo o engenheiro, o projeto quer contar com uma ajuda do governo. "Tentaremos sensibilizar o governo para conseguirmos isenções de impostos, por sem em prol do meio ambiente e pelo avanço tecnológico.

Preço

O custo do carro ecologicamente correto, segundo Novais, é estimado entre US$ 20 mil e US$ 25 mil. Este alto valor do protótipo é decorrente do fato de que hoje ainda se trabalha com elementos tecnológicos importados. A idéia é nacionalizar estes itens e reduzir o custo ao preço de um veículo popular para o consumidor final. "Não precisamos que esses itens sejam necessariamente produzidos por empresas brasileiras, mas que sejam produzidos aqui (no Brasil)", ressalta. E complementa: "Hoje o País fornece o kit mecânico, que é tudo, menos motor, caixa de câmbio e bateria".

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Até o momento, o protótipo em desenvolvimento é carregado por oito horas e tem autonomia de 120 km, com velocidade máxima de 130 km. A idéia é otimizar estes números e reduzir o tempo de recarga. "A gente quer que o veículo tenha uma autonomia de 450 km, com velocidade máximo de 150 km, e que o tempo de recarga caia para 20 minutos", idealiza. Outra ambição é climatizar o carro, com instalação de ar-condicionado. "Teremos que fazer uma série de pesquisas para climatizar o veículo", declara.

Economia

Na sua avaliação, o carro elétrico é de quatro a cinco vezes mais econômico do que os modelos convencionais movidos a gasolina. Este projeto, pontua Novais, trabalha com energia 100% reciclável e é ecologicamente correto. "Não gera emissão de CO2 (dióxido de carbono) e nem poluição. Queremos ter, daqui a cinco anos, um veículo elétrico compatível com o popular e que comprove nossa consciência ecológica. É uma alternativa de transporte que não prejudicará o meio ambiente.