O brasileiro que acerta o relógio na madrugada desta terça-feira, para ajustar-se ao horário de verão repetiu um gesto que milhões de pessoas vêm fazendo desde o último domingo. A diferença é que, enquanto adiantamos os relógios em uma hora, a maioria dos 70 países que usam o horário de verão está atrasando os seus ponteiros em 1 hora, voltando aos horários normais, preparando-se para o inverno que vem chegando no hemisfério norte.
Neste ano, o horário de verão brasileiro atinge apenas o Distrito Federal e os 10 Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Os Estados do Norte e do Nordeste não mudam seus relógios. O horário especial durará 110 dias, até a meia-noite de 19 de fevereiro.
Essa dança de horários afeta principalmente as pessoas que fazem contatos freqüentes com a Europa ou os Estados Unidos. A diferença de fuso horário entre São Paulo e Londres, por exemplo, mudará três vezes nesta semana. Ela era de 4 horas no último sábado, quando estava em vigor o horário de verão na Europa. Hoje a diferença caiu para 3 horas, depois que os britânicos voltaram ao horário normal. Com o início do horário brasileiro será de 2h.
A diferença voltará a ser de 3 horas entre 20 de fevereiro e 26 de março, quando os dois países estarão seguindo o horário internacional. Em 27 de março, deve recomeçar o horário especial na Inglaterra. Os países da União Européia decidiram padronizar seus horários, fazendo com que ele seja iniciado no último domingo de março e encerrado no último domingo de outubro.
No Brasil, o primeiro horário de verão foi adotado em 1931 e essa é a 31ª edição da medida. Até 1967 o horário foi implantado esporadicamente, e ficou em desuso a partir daquele ano, por 18 anos. Restaurado no período 1985/86, vem sendo adotado ininterruptamente.
Energia
No caso brasileiro, no entanto, a economia de energia é apenas uma das vantagens buscadas pelas autoridades com o horário de verão. Embora a economia total de energia fique abaixo de 2% ao ano, o sistema consegue uma redução de 4% a 5% no consumo no horário de pico, entre 18h e 21h.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), essa economia permite que as empresas atendam o mercado com menos máquinas ligadas, evitando sobrecargas nas linhas de transmissão. As companhias conseguem também planejar melhor a manutenção dos seus equipamentos nesse período.
As previsões do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) são de que as regiões Centro-Oeste e Sudeste conseguirão uma redução de consumo de 1.780 megawatts (MW) no horário de ponta (5% da demanda no horário), comparado a 1.400 MW obtidos em 2003. Isso significa que o sistema estará dispensando uma usina capaz de abastecer simultaneamente a região metropolitana de Belo Horizonte e a cidade de Florianópolis.
No Sul, a economia prevista é de 540 MW (5,5%), contra 500 MW registrados no ano passado. É como se apenas 20% da população de Porto Alegre estivesse usando eletricidade naquele horário. Em 2003/2004, o horário de verão durou 119 dias, de 19 de outubro a 14 de fevereiro. Neste ano o início foi adiado para 2 de novembro a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para evitar transtornos ao segundo turno das eleições para prefeito.