Rio – O Brasil ingressou definitivamente no grupo dos 10 países com o maior número de pessoas com mais de 60 anos de idade. São 17,6 milhões de brasileiros nesta faixa etária (9 7 % da população atual), de acordo com o estudo Indicadores Sociais 2005, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os números mostram que o processo de envelhecimento da população brasileira "caminha a passos largos", embora ainda bem longe do cenário verificado em países como Itália, Japão, Alemanha e França, todos com estrutura demográfica já considerada envelhecida. Juntos, os 10 países respondem por 62% da população idosa mundial.
No caso brasileiro, o Rio de Janeiro lidera a relação de Estados com a maior proporção de idosos, com pouco mais de 2 milhões de pessoas acima de 60 anos, 13,3% da população local. Em números absolutos, São Paulo registra o maior contingente de idosos no País, 4 milhões nesta faixa etária, 10,1% da população
De acordo com os números do IBGE, o Índice de Envelhecimento do Brasil passou de 0,11 no início da década de 80 para 0,25 em 2004. Ou seja, para cada 100 jovens até 15 anos há atualmente 25 idosos. Embora a Organização das Nações Unidas e o Estatuto do Idoso no Brasil, lançado em 2003, considerem "idosos" aqueles com 60 ou mais anos de vida, o Índice de Envelhecimento é calculado internacionalmente levando-se em conta a população acima dos 65 anos.
Assim como nos demais países, o crescimento no número de idosos no Brasil está diretamente relacionado a dois fenômenos: queda contínua da taxa de fecundidade e diminuição da taxa bruta de mortalidade. Entre 1991 e 2004, o número de óbitos no Brasil caiu de 6,8% para 6,3%, enquanto a taxa de fecundidade declinou de 2,9 para 2,1 filhos.
Ainda jovens – "Olhando para o que aconteceu nos últimos 15 anos, é inegável que o Brasil está envelhecendo rápido demais mas no cenário mundial ainda somos vistos como uma sociedade jovem", disse a economista Lúcia Maria Cunha, responsável pelos estudos feitos pelo IBGE sobre a população idosa. Ela explicou que pela metodologia utilizada pela ONU a população é considerada envelhecida quando o índice de envelhecimento é superior a 1, quatro vezes maior que a taxa atual do País.
Os números do IBGE revelam que o envelhecimento da população brasileira ocorre de forma bastante diferente nos Estados, em associação estreita com as desigualdades socioeconômicas do País. Enquanto os estados da Região Norte têm índices de envelhecimento que variam de 0,07 a 0,18, nas regiões Sudeste e Sul crescem de forma significativa, atingindo 0,43 no Rio, a maior taxa registrada em todo o País.
Perfil – Dos 17,6 milhões de brasileiros com mais de 60 anos, 73,1% vivem em domicílios com renda familiar média mensal per capita de até 2 salários mínimos mensais. São Paulo e RJ, que apresentam as duas maiores populações idosas do País (4,07 milhões e 2,06 milhões, respectivamente), reúnem também o maior contingente de idosos com renda mensal acima de 5 salários mínimos, o RJ com 15% e São Paulo com 10,9% das pessoas nessa faixa etária.
A maioria dos idosos do País (61%) mora com familiares, ao contrário do que ocorre na Europa e em boa parte dos países desenvolvidos, onde casais de idosos morando sozinhos lideram as estatísticas domiciliares para a chamada terceira idade. A pesquisadora Lucia Maria Campos considera "significativa" a proporção de idosos que moram sozinhos no Brasil – 13% do universo total na faixa acima dos 65 anos.
Entre as mulheres com mais de 70 anos, o índice fica próximo a 20%, quase duas vezes a taxa registrada para homens com a mesma idade (11,7%). Os pesquisadores do IBGE admitem que não foram capazes de definir se esta situação ocorre por carência de apoio familiar e mudança dos filhos ou se o fato de morar sozinho constitui para o idoso uma opção de independência.
Na análise por sexo, o perfil brasileiro segue o padrão mundial, com forte predominância de mulheres na população mais idosa. Para cada 100 brasileiras com mais de 65 anos existem 78 6 homens na mesma faixa etária. No Sudeste, a diferença é ainda maior, com 56,4 homens para cada grupo de 100 mulheres, situação explicada por um maior número de óbitos de homens em praticamente todas as faixas etárias.
