Brasília – José Ramos-Horta, prêmio Nobel da Paz em 1996 e atual ministro dos Negócios Estrangeiros do Timor-Leste, selou hoje com Celso Amorim, ministro de Relações Exteriores do Brasil, um pacto de cooperação entre os dois países. ?É realmente um momento histórico, a realização da primeira reunião da Comissão Mista Brasil?Timor-Leste, o que consagra uma relação de história e cultura, e destaca o sentimento de solidariedade que caracteriza o povo brasileiro. Sem o apoio dos países de língua portuguesa, acreditamos que nosso país não poderia ter-se tornado independente?, disse Ramos Horta que está no Brasil desde o dia 3 e parte na noite de hoje para Nova York.
O chanceler timorense afirmou que é favorável à presença brasileira como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Durante sua visita, surgiu também a proposta de uma parceria entre a Petrobrás e o governo timorense, já que o Timor-Leste tem grandes reservas de gás natural e petróleo ainda não exploradas. ?Há reservas estimadas em US$ 25 bilhões, com uma vida útil de 25 anos. Desde 1999 a Austrália já extraiu US$ 3 bilhões de nossas reservas, e agora existe uma discussão sobre soberania?, disse Ramos-Horta.
Amorim destacou o comprometimento mútuo: ?Menos de dois anos depois da sugestão de criação dessa comissão, o fato de a termos realizado, mostra a determinação dos dois países?. Em março, o Brasil envia uma missão de prospecção a Dili, capital do Timor-Leste, com o objetivo de mapear as necessidades nas áreas do Ministério Público e da Defensoria Pública e, mais adiante, elaborar um projeto de cooperação a respeito de produção legislativa e justiça.
O Timor-Leste é uma ex-colônia portuguesa que foi anexada à Indonésia em 1976. Conseguiu sua independência em 2002, após um referendo nacional promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Desde 1999, quando as missões da ONU chegaram, o Brasil vem ajudando o país. O projeto de cooperação assinado hoje traz propostas e ações nas áreas de educação, defesa, agricultura, justiça, saúde, meio ambiente, organização eleitoral e cultura.
