Brasília – O Brasil e a Rússia firmaram nesta quinta-feira (14) acordo para o desenvolvimento de tecnologias espaciais. O documento foi assinado pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

continua após a publicidade

O acordo deve beneficiar principalmente o lançamento de foguetes na Base de Alcântara, no Maranhão. Os russos fornecerão combustível líquido para os Veículos Lançadores de Satélite (VLS) brasileiros. O combustível russo é menos propenso a explosões como a que provocou o desastre que matou 21 pessoas, em agosto de 2003, em Alcântara.

Os dois ministros também aproveitaram o encontro de hoje para ratificar o tratado de extradição bilateral entre Brasil e Rússia. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o acordo havia sido assinado antes, mas não tinha entrado em vigor porque os dois países precisavam se adaptar a uma série de exigências internas.

Antes da assinatura do acordo, Amorim e Lavrov se reuniram por cerca de uma hora e meia no Itamaraty. No encontro, os dois discutiram temas como o comércio entre os dois países, a reformulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e as negociações para a compra de helicópteros russos pelo Brasil.

continua após a publicidade

Para Amorim, a aproximação com a Rússia reflete a busca do governo brasileiro por novos aliados externos. "Durante muito tempo, o Brasil olhava exclusivamente para os mesmos parceiros", ressaltou o chanceler. "A cooperação com a Rússia tem se revelado altamente benéfica para os dois lados", afirmou.

Logo após a assinatura do acordo, Amorim confirmou que as negociações para a compra de helicópteros militares russos pelo Brasil estão adiantadas. O chanceler, no entanto, não informou a quantidade, nem o modelo das aeronaves nas quais o Brasil tem interesse.

continua após a publicidade

De acordo com Amorim, a compra dos helicópteros envolveria três fases. "A primeira seria a compra direta dos helicópteros. A segunda envolveria a montagem das aeronaves no Brasil. Por fim, os aparelhos seriam montados no país com conteúdo nacional", explicou o ministro.

Amorim também afirmou que o Brasil tem intenção de formar uma empresa com o governo russo para produção de aviões. No entanto, ele disse que ainda não foi encontrado um mecanismo de financiamento capaz de fazer essa parceria se concretizar.

Se o negócio for concluído, será a segunda venda recente de equipamentos militares da Rússia para a América do Sul. No final de julho, os russos venderam à Venezuela 24 jatos Sukhoi Su-30, 54 helicópteros de combate e 100 mil rifles AK-103, além de acertar a construção de uma fábrica de rifles Kalashnikov no país vizinho.

Laprov negou as alegações de que as vendas possam resultar numa corrida armamentista na América Latina. "Todas as nossas vendas estão de acordo com as normas internacionais", salientou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.