Numa espécie de retomada de suas antigas relações dos tempos da histórica expressão "terra à vista", o sotaque lusitano passou a soar mais forte, nos últimos dez anos, no Brasil, por meio de novos empreendimentos luso-brasileiros. Mas a aproximação dos dois povos também se dá com a presença cada vez maior de investimentos brasileiros em Portugal, visto como porta de entrada para o mercado consumidor da União Européia. Ambos os lados têm interesse em aumentar os negócios, conforme ficou claro no Fórum Portugal, que reuniu lideranças empresariais dos dois países na sede da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fies/Ciesp).

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O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse em discurso de cerca de uma hora, que nos últimos dez anos o fluxo de investimento direto entre as duas economias tem crescido substancialmente. O volume de aplicações portuguesas no Brasil passou de US$ 107 milhões para US$ 8 bilhões. "Esses recursos foram alocados nos mais diversos setores da economia nacional, contribuindo para a expansão e modernização de nossa infra-estrutura", disse. A corrente de comércio, segundo ele, nesse mesmo período, elevou-se de US$ 220 milhões para US$ 770 milhões.

Assim como Portugal tem a experiência bem sucedida com o crescimento sustentado por estabilidade macroeconômica, o Brasil caminha neste sentido, observou Palocci. "Não temos poupado esforços para ajustas as contas públicas, reduzir o endividamento do governo em proporção ao PIB (Produto Interno Bruto), manter a inflação sob controle e perseverar no regime de câmbio flutuante", acentuou ele.

O ministro destacou que a mais significativa medida de austeridade fiscal foi a elevação da meta de superávit primário para 4,25% do PIB, que "será válida para todo o mandato do Presidente Lula". Segundo Palocci, o ajuste das contas públicas tem permitido uma queda acentuada da relação dívida pública/PIB, de mais de cinco pontos percentuais. Lembrou ainda que o aumento de arrecadação contribuiu não apenas para o maior superávit, em 2004, como possibilitou que o governo cortes de impostos em 21 medidas. "Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo estabeleceu redução da carga tributária de 16,21% para 16%, em 2006."

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O novo cenário despertou o interesse dos investidores portugueses, segundo declarou o presidente da Fundação Luso-Brasileira, João Oliveira Rendeiro. "No horizonte próximo, os investimentos de empresas portuguesas poderão se incrementar de maneira muito significativa, principalmente, na área de energia, das comunicações e construção de malhas rodoviárias". Ele informou que os investimentos, no momento, se aproximam de US$ 1 bilhão. Segundo ele, as áreas que devem crescer estão nas Parcerias Público Privadas (PPPs) e no segmento de turismo.

Rendeiro também acredita na possibilidade de negócios entre a empresa aérea portuguesa TAP e a Varig (Viação Rio Grandense), que é controlada pela Fundação Rubem Berta e que hoje atravessa uma crise administrativa.

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Quanto aos investimentos brasileiros em Portugal, Rendeiro destacou a presença da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e assinalou que entre os projetos em discussão estão empreendimentos na área siderúrgica e de tecnologias. Nos próximos três a quatro anos, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) deve investir cerca de US$ 300 milhões na Lusa Sider, revelou Rendeiro.