Brasil e Itália assinaram hoje, no Palácio do Planalto, acordo de cooperação tecnológica para produção de biocombustível e memorando de entendimento para cooperação com terceiros países, como a África, para a produção de combustíveis renováveis.

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Depois de ressaltar a importância da cooperação entre as petrolíferas dos dois países, Petrobras e ENI, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou que a experiência brasileira com o etanol pode servir para a Itália diminuir a sua dependência de petróleo. Lula destacou também a necessidade de que sejam promovidos "projetos trilaterais, que incorporem países mais pobres à revolução do etanol e do biodiesel".

E acrescentou: "Se Brasil e Itália tiverem a generosidade e a grandeza política de fazer parceria para produzir biodiesel em alguns países pobres da África, estaremos gerando riqueza, renda e emprego para as pessoas que, se não tiverem opção, terão no terrorismo, na criminalidade ou na morte precoce a única alternativa".

Romano Prodi também defendeu a ampliação do comércio entre os dois países. "A integração que tivemos nos últimos anos é insuficiente em relação às potencialidades e nossas capacidades" disse ele, acrescentando que os dois países têm condições de desenvolver um comércio muito maior entre eles. Lula concorda com essa posição. Segundo ele, mesmo que a corrente de comércio tenha subido, de 2003 para 2006, de R$ 3,9 bilhões para R$ 6,4 bilhões, o valor "ainda está muito aquém do que a Itália e o Brasil podem fazer".

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Rodada Doha

O primeiro-ministro italiano defendeu, em discurso no Palácio do Planalto, que países ricos devem dar um passo para trás nas negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para que seja possível se chegar a um acordo. "As negociações de Doha são difíceis, complicadas. É preciso que possamos trabalhar para darmos um passo para trás para tornar este acordo possível", declarou Prodi, que depois completou sua tese, em entrevista.

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"Há a necessidade de que todos se mexam porque a não solução positiva de Doha pode prejudicar o mundo e trair os nossos objetivos políticos. Não se trata de retórica", afirmou o primeiro-ministro, insistindo que, quando fala em dar um passo atrás, reitera que ele deve ser dado por todos os países, inclusive pela União Européia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, lembrou que os dois países estão empenhados no êxito das negociações da Rodada Doha. "Temos de corrigir as injustiças de um modelo de liberalização comercial que ainda não trouxe os benefícios, tantas vezes prometidos, para a maioria dos membros da OMC", declarou. Lula acentuou ainda que, por esta razão, solicitou o empenho do governo Prodi para que "a Itália continue a atuar na formulação de uma posição negociadora européia que nos leve a um acordo justo, sobretudo para os mais pobres".

Ao falar sobre os acordos assinados e a necessidade de eles beneficiarem também os países mais pobres, o primeiro-ministro italiano Romano Prodi disse: "Temos um caminho comum, mas que precisa se traduzir em um mundo mais participativo e igualitário. Os acordos bilaterais devem ser inseridos em quadros. Eu apoiei fortemente este passo de incluir os países africanos nos acordos. O quadro é complexo e não podemos deixar que existam apenas blocos separados entre si, porque senão vamos ter uma África completamente excluída, pois eles não serão incluídos em nenhum grupo".