Brasil e FMI versus EUA

Há uma sensível mudança nas relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos. Essas relações vêm se deteriorando e reduzindo o comércio entre os dois países. O informativo Comércio Exterior em Perspectiva, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), aponta essa deterioração de relações bilaterais, após um período de crescimento das relações econômicas, apontando o unilateralismo e o protecionismo norte-americanos como responsáveis. Os Estados Unidos, sob George Bush, elevaram as tarifas de importação sobre produtos siderúrgicos e aprovaram um pacote de subsídios ao setor agrícola, afetando os interesses brasileiros e de muitos países do mundo, inclusive os da Comunidade Econômica Européia, provocando protestos e retaliações.

Como conseqüência, o ritmo de crescimento das exportações do Brasil para o continente norte-americano começa a reduzir-se. Mesmo assim, nos primeiros meses deste ano o Brasil acumula superávit de US$ 2,7 bilhões no comércio com os Estados Unidos. Esse superávit, entretanto, mais se deve à queda das importações que ao aumento das exportações. O Brasil não silenciou com o aumento do protecionismo norte-americano, protestando pelos meios cabíveis, além de providenciar para alargar o nosso mercado, atingindo outros países do mundo. Os resultados positivos de nossa balança comercial mostram que isto está dando certo, embora fosse importante a manutenção de uma relação justa com Washington, nosso parceiro tradicional. O Brasil, sob FHC, tem uma posição firme contra os subsídios dos países desenvolvidos, considerando que eles são em parte responsáveis pela pobreza em tantas nações do mundo. Estas sofrem dos países ricos uma concorrência desleal. Essa posição foi levada a Johannesburgo, na Rio+10.

O Fundo Monetário Internacional foi sempre apontado como um aliado incondicional dos Estados Unidos e dos países ricos, embora seja uma entidade multilateral, que abriga também países pobres e em desenvolvimento, como o Brasil. O FMI acaba de concluir um estudo criticando os subsídios agrícolas dos países ricos. Diz que os países industrializados, dentre eles os Estados Unidos, destinaram este ano US$ 300 bilhões aos subsídios agrícolas. Essa cifra é seis vezes maior que a concedida em ajudas públicas aos países em desenvolvimento. “Para cada dólar que ganha um agricultor nos países industrializados, US$ 0,30 chegam por meio de subsídios”, destaca o economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, que critica esse procedimento.

“Se todos os países suprimissem as medidas de proteção à agricultura, todas as regiões do mundo poupariam US$ 128 bilhões, e 75% dessa soma beneficiaria os países industrializados, com os 25% restantes beneficiando os países em desenvolvimento”, destaca o estudo do FMI. Além, diz o trabalho que os subsídios agrícolas “envolvem custos consideráveis para consumidores e contribuintes dos países industrializados e para produtores de bens de consumo em outras partes do mundo, incluindo muitas regiões pobres”.

A posição do FMI é consoante àquela adotada pelo Brasil, que já protestou contra o protecionismo dos Estados Unidos e outros países ricos, em prejuízo de países como o nosso ou mesmo os mais pobres.

Estamos, portanto, nesta matéria, lado a lado com o Fundo e contra a política de George Bush, um presidente temerário que quer destruir à bomba seus inimigos e à míngua seus tradicionais aliados.

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