A cruzada do presidente da França, Jacques Chirac, para a criação da Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Onuma) não encontra simpatia do Brasil. O governo brasileiro, em princípio, é favorável ao fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), informou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Claudio Langone. Segundo ele, o Pnuma tem cumprido um papel importante e pode ser aperfeiçoado com uma maior regionalização.
"O Brasil não é contrário ao fortalecimento da questão ambiental mas tem dúvidas sobre a criação da Onuma", afirmou o secretário. Ele lembrou que a proposta de Chirac foi apresentada em meio à discussão de reformulação da ONU.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vai discutir o assunto durante reunião do conselho de administração do Pnuma e do Fórum Global de Ministros de Meio Ambiente, que começa amanhã em Nairóbi, no Quênia. No encontro, os ministros vão discutir a reforma das Nações Unidas e as duas propostas para a área de meio ambiente: o fortalecimento do Pnuma e a idéia européia de criação de uma organização mundial específica.
Segundo Langone, a ministra vai fazer uma cobrança dura no encontro sobre a necessidade de mudanças na forma de cooperação com os países desenvolvidos. "Não é só ter mais recursos para cooperação. É preciso ter uma agenda voltada para os interesses dos países em desenvolvimento", disse. Na sua avaliação, os países desenvolvidos acabam impondo a sua própria agenda na cooperação.