Brasil e China vão intensificar as negociações em torno de um acordo de cooperação tecnológica e industrial para discutir, posteriormente, um acordo comercial. ?Estamos encaminhando uma proposta de acordo de cooperação técnica para caminhar para um acordo de livre comércio?, informou o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Reginaldo Arcuri.

?O processo de negociação tem várias etapas e esta é a primeira delas para a futura negociação de um acordo comercial?, explicou. Mesmo antes da formalização de um acordo comercial, o comércio do Brasil com a China vem crescendo. De janeiro a setembro deste ano, as exportações brasileiras para a China cresceram 16,24%, e o país passou a ser o terceiro principal mercado de destino dos produtos nacionais. No mesmo período do ano passado, ocupava a quinta posição. O aumento no mês de setembro, em comparação com o mesmo mês do ano passado, foi de 170,31%.

A China está interessada principalmente na tecnologia brasileira do carro a álcool e na produção do álcool combustível. Na sexta-feira passada, representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) reuniram-se com Arcuri e uma comitiva chinesa, chefiada pelo vice-ministro da Comissão de Planejamento e Desenvolvimento, Zhang Guobao, para tratar do acordo.

?Apresentamos um memorando de entendimento?, explicou Arcuri. Essa cooperação, segundo Arcuri, vai abrir espaço para a transferência de tecnologia e também para a venda de equipamentos e carros brasileiros. Os chineses têm interesse na tecnologia para misturar álcool à gasolina, nos carros movidos a álcool e nos bi-combustíveis (que funcionam tanto a álcool quanto a gasolina).

No ano passado, o Brasil exportou para o mercado chinês US$ 178 milhões em automóveis e peças, e importou US$ 29 milhões. A produção do setor automotivo chinês está em torno de dois milhões de unidades por ano – praticamente igual à do Brasil -, mas é voltada para os automóveis de maior porte. O Brasil, segundo Arcuri, pode exportar para a China automóveis médios e até veículos 1.0. ?Nosso carro é bom e barato?, afirmou.

A China quer reduzir sua dependência do petróleo como combustível e a emissão de gases poluentes. Um dos compromissos assumidos pelos chineses para sediar os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim foi reduzir a poluição dos grandes centros. Uma das opções é a utilização de carros a álcool e ter uma ?frota verde? naquele país.

Para isso, a China depende de tecnologias dominadas pelo Brasil. O país pode substituir a tecnologia dos Estados Unidos, utilizada atualmente em sua única usina, pela brasileira, que é quatro vezes mais eficiente na produção do álcool. Os chineses já decidiram construir uma segunda usina de álcool, que, em lugar da cana, utilizará o excedente de cereais da produção local.

O acordo de cooperação em negociação compreende também diversos outros produtos, como café e madeira compensada. Os entendimentos serão feitos pelo Governo brasileiro com a Embaixada da China em Brasília e também acontecerão encontros entre os setores privados dos dois países, com a troca de missões empresariais. Os encontros, aliás, já começaram: ?O interesse dos chineses é tão grande que toda semana tem comitiva ou de empresários ou de autoridades de lá visitando o Brasil?, comentou Arcuri. Na próxima semana, uma missão chinesa de produtores de café chegará ao Brasil.

Como parte da estratégia de intensificação das relações comerciais entre os dois países, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Lytha Spíndola, está esta semana em Pequim para explicar o sistema de defesa comercial do Brasil. O objetivo, segundo ela, é dar amplo conhecimento sobre o processo de defesa comercial brasileiro e, com isso, reduzir os contenciosos. (MDIC)

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