O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou hoje que o Brasil e a Argentina estão estudando uma forma de realizar as operações comerciais diretamente entre peso e real, sem a necessidade de utilizar o dólar. A iniciativa faz parte, segundo ele, de uma "segunda fase do Mercosul", que está "começando agora", e que vai "partir para uma integração maior e olhar para outros aspectos, como a integração dos mercados de capitais".
Nesse sentido, Mantega disse que a possibilidade de realizar transações comerciais com moedas locais "é uma idéia interessante", já que hoje o comércio "passa do peso para o dólar, do dólar para o real". Ele considera que a operação direta "seria boa porque elimina parte da intermediação financeira e reduz o custo". O ministro lembrou que o comércio entre o Brasil e a Argentina, no ano passado, envolveu uma cifra de aproximadamente US$ 16 bilhões, os quais contribuíram para pressionar o câmbio em ambos os países. Por isso, a operação direta "seria boa também para a Argentina e o Brasil, que têm ingresso excessivo de dólares, o que ajuda os nossos problemas cambiais", destacou.
Mantega ponderou, no entanto, que para adotar esse mecanismo é necessária "uma arquitetura financeira diferente da que temos", e "isso não existe em outras partes do mundo". Para o ministro da Fazenda, a operação direta "seria uma maneira de fortalecer nossas moedas".