Buenos Aires (AE) – Representantes dos governos e das montadoras do Brasil e da Argentina reuniram-se hoje (12) em Buenos Aires para a primeira reunião para definir o novo regime automotivo depois da decisão de prorrogar o atual acordo por 60 dias. Novo encontro será realizado no Brasil na próxima semana.

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Após a reunião de hoje (12), que durou três horas, o chefe da equipe de negociadores brasileiros, o secretário de Desenvolvimento da Produção, Antônio Sérgio Martins Mello, deixou o edifício da Secretaria de Indústria e Comércio da Argentina mostrando otimismo. "Toda as conversas nossas resultam em avanços. Houve convergência grande em relação à agenda que será a orientação para o acordo definitivo."

O acordo para o comércio bilateral fechado em 2001 venceu em 31 de dezembro. No dia 1.º de janeiro deveria entrar em vigor o livre comércio. A Argentina, porém, recusou a medida. Diante do impasse, negociadores dos dois países concordaram, no fim do ano, em prorrogar as normas atuais, exceto a do livre comércio. Ficou acertado que a partir de 1.º de março essa postergação deve ser substituída por uma etapa de transição de quatro meses. No dia 1º de julho deve começar a valer um acordo definitivo. Mello, porém, disse que ainda "é preciso discutir a agenda para definir o período transitório."

Hoje, o comércio bilateral é regido por uma norma, chamada de flex, que estabelece que para cada US$ 1 exportado por um dos países é preciso importar US$ 2,6. Os argentinos questionam a proporção, por considerá-la favorável ao Brasil. Os negociadores do presidente argentino Néstor Kirchner preferem um flex mais restrito, ao redor de US$ 1 por US$ 1. Mello preferiu não comentar as exigências argentinas sobre o flex.

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O governo argentino também exige mais proteção para as empresas de autopeças argentinas. Kirchner tem especial interesse em aparecer como protetor da indústria nacional, uma carta de peso para a reeleição em 2007.

Mello informou que na semana que vem, no Brasil, continuarão as reuniões entre técnicos dos dois governos. O encontro coincidirá com a viagem do presidente Kirchner a Brasília, para uma visita de Estado. Ele será acompanhado pela ministra da Economia, Felisa Miceli; pelo chanceler Jorge Taiana e pelo ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido.

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Segundo Mello, o encontro de técnicos servirá para alimentar a reunião de ministros. Ele não soube dizer se o assunto será tema da reunião entre Lula e Kirchner e se eles poderiam dar um eventual "empurrãozinho" na negociação bilateral.

Sem o otimismo exibido por Mello, ao final da reunião o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb, disse que "não houve grandes avanços" na reunião. Ele insistiu que é preciso "lutar por investimentos na região."

Segundo Golfarb, é preciso aproveitar a conjuntura favorável para conseguir um acordo pois, "apesar das dificuldades, o processo simultâneo de crescimento das duas economias colocam uma agenda positiva."

A Anfavea defende o estabelecimento de uma nova data para o livre comércio. Kirchner rechaça categoricamente essa possibilidade. Ele e seus assessores argumentam que, em um cenário de livre comércio, o volume da venda de automóveis brasileiros no mercado argentino aumentaria significativamente. Hoje, os carros do Brasil já respondem por 63% do mercado argentino.