O Brasil está praticamente classificado para a Copa de 2006, mas tem importante missão nesta quarta-feira, às 21h45, contra a Argentina, no Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Jogará pela liderança das Eliminatórias, sempre levada em conta pelo torcedor, e, principalmente, para mostrar que o time mereceu os elogios da imprensa e do público na apresentação contra o Paraguai, vencendo por suas qualidades, não pela fragilidade do adversário.
A alegria – quase transformada em euforia – dominou o grupo brasileiro, que passou a adotar o ousado rótulo de dream team, e o próprio Carlos Alberto Parreira, entusiasmado com o esquema ofensivo posto em prática na última rodada. Ele gostou da atuação dos responsáveis pelo ataque, Kaká, Ronaldinho Gaúcho Robinho e Adriano, e prometeu dar liberdade aos quatro novamente nesta quarta-feira.
"Vamos sair para o jogo, agredir a Argentina, porque, se tentarmos apenas nos defender, será suicídio", afirmou o treinador do Brasil. Ele ainda garantiu dar o aval para que os laterais Cafu e Roberto Carlos avancem para a linha de fundo e para que o volante Zé Roberto busque o gol, como fez diante do Paraguai.
O discurso de ataque total pregado por Parreira chega a ser um pouco exagerado. Jogadores como Emerson e Cafu entregaram o jogo, dizendo que a seleção não se arriscará tanto quanto diante do Paraguai.
"É preciso ter mais cuidado contra a Argentina. Vou segurar um pouco mais, ter mais cautela", admitiu Cafu, que completou 35 anos nesta terça-feira.
Tudo deu certo no domingo, contra o Paraguai. Foram quatro gols e poderiam ter saído mais. O público em Porto Alegre incentivou o time e aplaudiu os jogadores. A boa exibição arrancou elogios até dos rivais argentinos e levou tranqüilidade ao ambiente da seleção.
É importante, porém, lembrar que o Paraguai faz campanha fraca nas Eliminatórias. Em 14 jogos, venceu 5, perdeu 5 e empatou 4, e tem saldo negativo de 4 gols. Se o Brasil voltar a agradar, vai convencer que o novo sistema de jogo está realmente indo bem. Se decepcionar, vai deixar a dúvida na cabeça do torcedor.
"Brasil e Argentina é sempre jogo duro, de muita rivalidade, mas a Argentina vai atacar mais do que o Paraguai e isso pode abrir espaços para nossos contra-ataques", disse Ronaldinho Gaúcho.
O clássico sul-americano vai definir quem terminará a 15ª rodada na liderança das Eliminatórias e irá atrair cerca de 50 mil pessoas ao estádio do River Plate. Todos os ingressos foram vendidos antecipadamente.
Embora Parreira tenha dito que o jogo será um "amistoso de luxo", os argentinos dão considerável destaque ao evento. As televisões, as rádios e os jornais dedicam generoso espaço à partida, que reúne, na teoria, os dois principais favoritos ao título mundial em 2006, na Alemanha. Os argentinos somam 28 pontos e os brasileiros, 27. Ambos estão com lugar garantido na Copa. Depois do confronto desta quarta-feira, as equipes cumprirão tabela nas últimas três rodadas das Eliminatórias.
O Brasil terá poucas mudanças em relação à escalação do fim de semana. O lateral-direito Cafu cumpriu suspensão e volta no lugar de Belletti. E o zagueiro Juan entra no lugar de Lúcio, que foi expulso no último jogo. Não haverá nenhuma alteração no meio e na frente.
Argentina: Abbondanzieri; Ayala, Coloccini (Milito) e Heinze; Javier Zanetti, Mascherano, Riquelme, Luis Gonzalez e Sorín; Saviola e Crespo. Técnico: Jose Pekerman.
Brasil: Dida; Cafu, Juan, Roque Júnior e Roberto Carlos; Emerson Zé Roberto, Kaká e Ronaldinho Gaúcho; Robinho e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira.
Árbitro: Gustavo Méndez (URU).
Horário: 21h45.
Local: Estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.