Londres, 03 (AE) – A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o governo brasileiro fecharam acordo preliminar para a inspeção da unidade de enriquecimento de urânio de Resende, no Rio. Especialistas familiarizados com as inspeções da AIEA admitem que ainda falta definir alguns detalhes, mas o texto deve ser finalizado dentro de no máximo uma semana.
Ainda não foi estabelecida uma data para as inspeções formais da unidade de Resende pela agência da Organização das Nações Unidas. “Mas isso deve ocorrer antes que a fábrica de Resende entre em funcionamento”, disse a fonte. “Antes disso, será necessária a instalação de câmeras e outros aparatos que possibilitarão o monitoramento do processo de enriquecimento de urânio no Brasil.”
O acordo prevê que os técnicos da agência podem inspecionar apenas partes das centrífugas de enriquecimento de urânio instaladas em Resende. “O acesso visual das centrífugas que será permitido à agência foi considerado suficiente para realizar uma inspeção plena e satisfatória”, explicou a fonte. “Estamos fazendo bons progressos e temos a cooperação do Brasil, mas o processo ainda precisa percorrer outros estágios para que possamos dizer que está aprovado”, afirmou ao Estado o porta-voz da AIEA, Mark Gwozdecky. Para que o caso seja encerrado, o diretor da agência, Mohamed El Baradei, precisa dar seu sinal verde.
Ponto Final – Caso confirmado, o acordo pode pôr um ponto final no impasse entre o Brasil e agência da ONU, cuja sede fica em Viena, na Áustria, em relação à unidade de Resende. O governo brasileiro vinha se recusando a permitir a inspeção das suas centrífugas de enriquecimento de urânio, alegando que ela poderia revelar a tecnologia nacional para o enriquecimento de urânio – que, de acordo com Brasília, é muito mais barata do que a adotada por outros países, incluindo os Estados Unidos.
O governo brasileiro já indicava, na semana passada, que esperava para estes dias um entendimentos com a AIEA. Os técnicos da agência da ONU tomaram a decisão de dar a primeira aprovação ao plano depois que fazer uma visita a Resende, há duas semanas.
Na ocasião, o Brasil havia feito uma proposta de inspeção que garantia, de um lado, que a tecnologia nacional usada nas centrífugas seria preservada. Enquanto isso, o plano daria acesso visual parcial a uma parte da instalação, para que a AIEA pudesse cumprir sua tarefa.
Há poucos dias, enquanto preparavam o documento técnico, funcionários da AIEA garantiram ao Estado que o plano não significaria uma redução da capacidade da agência de monitorar o que estaria sendo produzido na planta de Resende. De fato, pelo que começa a ser desenhado no plano de inspeção, válvulas e tubos ligados às centrífugas poderiam ser acompanhados pelos técnicos da agência internacional, o que lhes asseguraria que o material enriquecido não seria utilizado para atividades ilegais como a produção de armas.
Brasil e AIEA fecham acordo para inspeção em Resende
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