Neste momento de alerta internacional sobre a possibilidade da falta de alimentos, o Brasil pode mostrar ao mundo que é capaz de se consolidar como grande fornecedor de alimentos e de biocombustível. O que, na verdade, motiva a reação de organismos internacionais contra a produção de biocombustíveis e também a alta dos preços dos alimentos no mercado internacional é o fato de países como os Estados Unidos terem o milho como matéria-prima para a produção de etanol. Este não é o caso do Brasil, que não põe em risco os seus estoques de milho, porque há 40 anos produzimos álcool a partir da cana-de-açúcar com a melhor tecnologia do mundo. Não estamos, portanto, tirando alimentos dos nossos habitantes para produzir álcool. Temos as duas opções. Temos também a produção de biodiesel, que pode atender à comunidade européia.
Quem prega a catástrofe neste momento são aqueles que defendem a continuidade da alta do petróleo. Não podemos deixar de considerar que o petróleo faz parte do custo de produção de qualquer cultura no mundo, assim como os fertilizantes. Se nós temos por um lado a estabilidade dos preços dos produtos agrícolas no Brasil enfrentamos também o aumento dos custos de produção. O preço do barril de petróleo chegou a US$ 120 recentemente, enquanto há 10 anos custava US$ 20. Isso significa aumento nos preços dos insumos necessários para a produção de alimentos e também que a receita dos produtores acaba sendo consumida pelos custos de produção. Para dar respostas a esta equação, o governo brasileiro precisa agir rápido em várias frentes.
É necessário estabelecer uma carga tributária menor para reduzir o custo dos fertilizantes, que hoje consomem metade dos custos de qualquer lavoura plantada. O governo precisa também investir em logística para melhorar o escoamento da nossa produção. Além disso, a garantia da sanidade animal, com a aplicação de recursos em tecnologia, em mais laboratórios e na ampliação do quadro técnico de fiscalização também é fundamental para que o Brasil não enfrente mais embargos à carne, como o recente feito pela comunidade européia. Outro fator preponderante para impulsionar a produção do nosso País é a implementação do seguro rural. O governo federal tem que capitalizar o fundo de catástrofe com recursos orçamentários e consolidar com isso o seguro rural para dar tranqüilidade a quem produz. O agronegócio brasileiro vive uma de suas melhores fases. Temos perspectivas do aumento da demanda mundial por alimentos e biocombustível e condições plenas de fazer frente a esta realidade. Para que o Brasil seja o grande fornecedor mundial é preciso que o governo faça os ajustes necessários para impulsionar ainda mais a nossa produção. Só assim o nosso País poderá aproveitar este momento especial em que estamos vivendo.
Osmar Dias (PDT-PR) é senador.