Não é por má vontade ou pelo desejo tacanho de ver e apontar defeito em tudo. Ao contrário, este jornal apreciaria dedicar espaço muito mais amplo à merecida exaltação de realizações, sobretudo na esfera pública, toda vez que os reclamos da população fossem atendidos mediante programas inteligentes, participativos e de interesse majoritário.
Ainda não será dessa vez. O tom de lamento emerge da pesquisa realizada pelo IBGE sobre o funcionalismo municipal. No espaço de apenas quatro anos (1999-2002), esse grupo cresceu em 18,2%, quebrando a barreira dos quatro milhões de servidores.
Uma das razões do crescimento está no grande número de municípios criados desde 1985 (1,5 mil), assim como nas novas atribuições nas áreas da saúde e educação, com a aprovação da Constituição de 1988. Analistas afirmam que não há problema em contratar mais servidores se as finanças estão boas.
Contudo, não é essa a imagem passada pela maioria dos prefeitos que volta e meia estende o chapéu aos governos estaduais e, de modo especial, ao governo federal, em busca de recursos para equilibrar os dispêndios de seus municípios.
Dois municípios ganharam destaque na pesquisa do IBGE: Itacuruba, no sertão de Pernambuco, e Marumbi, na região de Apucarana. São os campeões brasileiros na proporção de servidores municipais por grupo de 100 habitantes. Em ambos os municípios, a bem da verdade, a única fonte de empregos é a Prefeitura. Viva o Brasil dos grotões.