O governo brasileiro deixará claro nesta quinta-feira, ao abrir os debates da Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas, sua posição contrária a um possível ataque militar dos Estados Unidos ao Iraque sem o aval do Conselho de Segurança da ONU.
A aversão do Brasil à hipótese de o governo americano adotar uma iniciativa unilateral e desencadear um novo conflito no Oriente Médio será expressa, em linguagem diplomática, no discurso do ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que será seguido pela esperada fala do presidente americano, George W. Bush.
Hoje, o embaixador Antônio José Vallim Guerreiro, diretor-geral do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, antecipou que o foco central do discurso de Lafer estará na defesa do fortalecimento do multilateralismo e, em especial, no estímulo para que os países recorram a instituições dessa natureza para a solução de seus conflitos. Não se trata de uma posição nova do governo brasileiro, mas de um recado que o presidente Fernando Henrique Cardoso tem reiterado desde os ataques terroristas aos Estados Unidos em setembro do ano passado.
?A questão de um eventual ataque ao Iraque é de responsabilidade primária do Conselho de Segurança. Achamos que o presidente George W. Bush deve levar o assunto para o Conselho?, afirmou Guerreiro. ?O Brasil sempre foi contrário ao uso da força, que somente se justifica com o aval do Conselho de Segurança ou em caso de defesa própria.?
Segundo o embaixador, as resoluções do Conselho de Segurança são mandatárias, ou seja, devem ser obrigatoriamente acatadas por todos os 191 membros da ONU – o Timor Leste e o Suíça deverão se incorporar a partir desta assembléia. Entretanto, uma proposta somente se torna uma resolução com o voto a favor de pelo menos 9 dos 15 países participantes do Conselho e desde que nenhum dos cinco membros permanentes – China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia – se manifeste em contrário.
