A criação de uma área de livre comércio entre os países do G-20, aberta a outras nações em desenvolvimento é, na visão do governo brasileiro, um avanço nas negociações do Brasil com o exterior e não inviabiliza as negociações que já estão em curso.
Segundo o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, o mundo de hoje pede que os países tenham políticas de ?geometria variável? para que possam integrar diferentes frentes de negociações. ?Nós temos uma política prioritária com o Mercosul. No interior do Mercosul, temos aliança estratégica com a Argentina, temos política de interlocução do Mercosul com o resto da América do Sul através de acordos com a comunidade andina. Temos uma política para Alca, temos uma negociação do Mercosul com a União Européia. Essa iniciativa simplesmente procura tirar proveito de uma aliança positiva que nós conseguimos desenvolver?, ressaltou Garcia.
A idéia da criação da área de livre comércio do G-20 foi apresentada hoje pelo presidente Lula durante encontro com representantes de delegações que participam da reunião ministerial do grupo, em Brasília. O G-20 é integrado, atualmente, por 18 países em desenvolvimento que se uniram sob a coordenação do Brasil para defender interesses comuns na área agrícola na OMC. O G-20 luta pelo fim de barreiras protecionistas impostas pelos países desenvolvidos às nações mais pobres.
Na avaliação do assessor do presidente Lula, a área de livre comércio com os países do G-20 também não inviabiliza as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), ou mesmo as conversações com a Organização Mundial do Comércio (OMC). ?Pelo contrário. É uma ação que reforça?, enfatizou.
Garcia também afirmou que a área de livre comércio entre os países do G-20 vai ser uma alternativa para ?fixar? cada vez mais países no grupo – uma vez que as críticas sobre o grupo são justamente concentradas no fato de que seus membros são “flutuantes”. ?Vamos ver como os países vão responder isso. Se os países responderem positivamente, evidentemente estaremos criando um elemento de fixação no G-20. Eu imagino que essa proposta não saiu do nada. Ela está sendo acoplada a uma idéia de negociações comerciais na próxima Unctad, uma idéia compartilhada por muita gente. Não é uma idéia que venha só da cabeça do Itamaraty ou do Palácio do Planalto?, disse.
