No momento em que o Brasil debate a quebra de patentes dos remédios contra a aids, o governo assume pela primeira vez a presidência do Conselho da Unaids, agência da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil vai liderar os debates por um ano e, no domingo, o ministro da Saúde, Humberto Costa, desembarca em Genebra para assumir o posto. Segundo analistas, isso poderá ajudar o País a influenciar nas políticas para o setor.

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A primeira tarefa do Brasil será presidir a reunião do Conselho da Unaids, entre segunda e quarta-feira. O objetivo do encontro é aprovar o primeiro documento internacional harmonizando as práticas de prevenção da aids em todo o mundo. Com um caráter político, o documento promete causar polêmica, principalmente por tocar em temas como o uso de preservativos, idéia rejeitada pelo Vaticano. O documento serviria de base para que os países adotassem medidas para prevenir a proliferação da aids.

Assessores do ministro da Saúde garantem que o Brasil está em dia com seu programa de prevenção e que não terá de fazer grandes mudanças para adotar as recomendações da Unaids. Durante o ano, o País ainda presidirá outras reuniões em Genebra com o objetivo de formular políticas de combate à aids.

Para especialistas, a presidência do Brasil terá significado político. A comunidade internacional debate, neste momento, quais devem ser os limites para a adoção de medidas de quebra de patente para permitir o acesso aos remédios contra o vírus. O Brasil está sendo observado de perto tanto pelas empresas como pelos organismos internacionais e pelos demais governos diante de suas constantes ameaças de quebra de patentes.

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Em Genebra, as entidade internacionais não escondem que estão aguardando as medidas que poderão ser tomadas pelo Brasil para saber quais serão as reações das empresas farmacêuticas afetadas pela quebra de patentes. Já os governos dos países ricos, como os Estados Unidos, deverão usar o debate na Unaids para garantir que opção pela quebra de patentes não seja a adotada pelos demais países.